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Saúde e nutrição com Clayton Camargos: dieta FODMAP

Você já deve ter escutado sobre a dieta FODMAP por meio de um amigo ou pela internet. Quando as pessoas usam esse termo, geralmente se referem a uma abordagem pobre em FODMAP – certos açúcares que podem causar comprometimentos intestinais. Esse protocolo foi projetado para ajudar pessoas com síndrome do intestino irritável (SII) e/ou supercrescimento bacteriano no intestino delgado (SIBO) a descobrir quais alimentos são problemáticos e quais reduzem os sintomas.

A dieta baixa em FODMAP é um plano alimentar temporário muito restritivo. É sempre importante conversar com um especialista antes de iniciar uma nova abordagem nutricional, mas especialmente com um plano alimentar limitado em FODMAP, pois elimina muitos itens – não é uma prescrição que alguém deva seguir por muito tempo. É um processo curto de investigação para determinar quais alimentos são problemáticos para você.

Clique aqui para acessar o estudo: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15948806/

Na coluna anterior mencionei que FODMAP significa oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentáveis, que são carboidratos de cadeia curta (açúcares) que o intestino delgado absorve mal. Algumas pessoas apresentam manifestações digestivas depois de comê-los. Os sintomas incluem:

  • Cólicas
  • Diarréia
  • Constipação
  • distensão abdominal
  • Gases e flatulência

Clique aqui para acessar o estudo: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26976734/

Low FODMAP é uma dieta de eliminação em três etapas:

  1. Primeiro, você para de comer certos alimentos (alimentos ricos em FODMAP).
  2. Em seguida, você os reintroduz lentamente para ver quais são problemáticos.
  3. Depois de identificar os alimentos que causam sintomas, você pode evitá-los ou limitá-los enquanto desfruta de todo o resto sem preocupações.

Recomendo seguir a fase de eliminações da dieta por apenas duas a oito semanas. Isso reduz os sintomas e, se for portador de SIBO, pode ajudar a diminuir níveis anormalmente elevados de bactérias intestinais. Depois, a cada três dias, poderemos iniciar a prova de consumo adicionando um alimento rico em FODMAP à rotina alimentar, um de cada vez, para avaliar se produz alguma manifestação. Se um item específico com alto teor de FODMAP causar sintomas, deveremos evitá-lo a longo prazo. 

Os alimentos que desencadeiam os sintomas variam de pessoa para pessoa.

Para aliviar os manifestações  desdobradas de SII e SIBO, é essencial evitar alimentos com alto teor de FODMAP que impactam na saúde intestinal, incluindo:

  • Leite, iogurte e sorvete à base de leite
  • Produtos à base de trigo, como cereais, pão e biscoitos
  • Feijão e lentilha
  • Alguns vegetais, como alcachofras, aspargos, cebola e alho
  • Algumas frutas, como maçãs, cerejas, peras e pêssegos

Em vez disso, baseie suas refeições em alimentos com baixo teor de FODMAP, como:

  • Ovos e carne
  • Certos queijos como Brie, Camembert, Cheddar e Feta
  • Leite de amêndoas
  • Grãos como arroz, quinoa e aveia
  • Legumes como berinjela, batata, tomate, pepino e abobrinha
  • Frutas como uvas, laranjas, morangos, mirtilos e abacaxi

Esta dieta normalmente contém baixo teor de glúten por padrão de prescrição.

Isso ocorre porque o trigo, que é a principal fonte de glúten, é excluído por ser rico em frutanos.

No entanto, um plano alimentar restrito em FODMAP não significa sem glúten! Alimentos como pão de espelta com massa fermentada, que contém glúten, são permitidos.

Como a abordagem pode ser desafiadora durante a primeira fase, mais restritiva, é importante consultar um médico ou nutricionista, que possa assegurar que você está seguindo o protocolo corretamente – o que é crucial para o sucesso – e mantendo uma nutrição adequada.

Quem está abaixo do peso não deve  fazer isso sozinho. A dieta restritiva em FODMAP não se destina ao emagrecimento, mas você pode reduzir peso porque restringe o consumo de muitos alimentos. Para alguém com peso já muito baixo, emagrecer pode comprometer a saúde.

Mudanças na dieta podem ter um grande impacto nos sintomas de SII e SIBO, mas os especialistas também costumam usar outras terapias. Os antibióticos podem reduzir rapidamente o crescimento bacteriano no intestino delgado, enquanto os laxantes e antidepressivos em baixas doses podem aliviar os sintomas da síndrome do intestino irritável.

Portanto, a dieta que constrange o consumo em FODMAP faz parte da terapia para portadores de SII e SIBO. As pesquisas mostram que reduz os sintomas em até 86% dos indivíduos.

Uma combinação de mudanças dietéticas, medicamentos e técnicas de controle do estresse costuma ser a melhor abordagem. O seguimento nutricional é extremamente importante para que o tratamento seja bem-sucedido. 

Clique aqui para acessar os estudos: 

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24445613/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25982757/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25736443/

Você tem alguma dúvida sobre saúde, alimentação e nutrição? Envie um e-mail para dr.clayton@metafisicos.com.br e poderei responder sua pergunta futuramente.

Nenhum conteúdo desta coluna, independentemente da data, deve ser usado como substituto de uma consulta com um profissional de saúde qualificado e devidamente registrado no seu Conselho de Categoria correspondente.

 

Clayton Camargos é sanitarista pós graduado pela Escola Nacional de Saúde Pública – ENSP/Fiocruz. Desde 2002, ex gerente da Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade (CNRAC) do Ministério da Saúde. Subsecretário de  Planejamento em Saúde (SUPLAN) da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SES-DF). Consultor técnico para Coordenação-Geral de Fomento à Pesquisa Em Saúde da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) do Ministério da Saúde. Coordenador Nacional de Promoção da Saúde (COPROM) da Diretoria de Serviços (DISER) da Fundação de Seguridade Social. Docente das graduações de Medicina, Nutrição e Educação Física, e coordenador dos estágios supervisionados em nutrição clínica e em nutrição esportiva do Departamento de Nutrição, e diretor do curso sequencial de Vigilância Sanitária da Universidade Católica de Brasília (UCB). Atualmente é proprietário da clínica Metafísicos.

CRN-1 2970.

Clayton Camargos

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