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‘Sangue Negro’, um clássico relançado pela Netflix

A Netflix está relançando obras incríveis que marcaram época. Sangue Negro (2007), filme que já é um clássico, acaba de chegar na plataforma. A direção é de Paul Thomas Anderson, o mesmo de Embriagado de Amor (2002) e Trama Fantasma, de 2017.

 

Até os 14’33 de projeção não se tem diálogos. Acompanha-se apenas a imagem marcante de um homem em seu trabalho árduo e solitário de minerador, com cenas ritmadas apenas por sua respiração ofegante e o som de  uma picareta que escava a terra.

 

O ator Daniel Day-Lewis incorpora com garra e fúria esse homem, protagonista dessa história dramática, interpretando um minerador falido, Daniel Plainview, que, por acaso, encontra petróleo em uma de suas escavações.

Estamos no final do século XIX e início do século XX, época que coincide com a invenção do automóvel (1886) e a segunda Revolução Industrial. Então, Plainview antevê na extração do petróleo a fortuna que tanto cobiça, e resolve trocar de atividade. Torna-se um grande empresário do setor petrolífero.  

 

A trama de Sangue Negro é simples, utiliza-se de poucos personagens, porém mostra-se bastante para representar o cenário histórico propício à criação da ideia do capitalismo selvagem e a eterna busca do sonho americano.

 

O ator Paul Dano interpreta Eli, um pastor ortodoxo da pequenina igreja da cidade, que é avesso às ideias gananciosas do empresário. Mas Day-Lewis (em atuação espetacular, digna do Oscar que arrebatou com esse filme) respira e transparece em cada expressão sua (ou silêncio), toda descrença no pastor santo-milagreiro. E mais ainda: reconhece no comportamento dissimulado do religioso alguns defeitos seus. Aos poucos o embate entre eles se revela uma pérola rara de dramaturgia.

 

É Daniel quem nos leva a conhecer, durante essas 2 horas e 38 minutos de filme, essa história de ambição, família, ódio, religião e loucura. A trilha sonora de Jonny Greenwood, fortemente ritmada e percussiva, encaixa-se de forma orgânica e perfeita à fotografia e direção do filme, funcionando como um ator coadjuvante, que dá completude e significado maior à narrativa.

Um exemplo ao que me refiro é o impacto de sons na cena espetacular do primeiro jorro de petróleo encontrado pelo minerador. Ou ainda quando a música mostra um Daniel Day-Lewis incomodado, achando-se ridículo, ao deixar-se batizar na igrejinha local pelo pastor Eli. O trabalho de direção de câmera aliada à trilha sonora nos expõe de maneira incrível à toda sensação de desconforto do personagem. Indicado em seis edições do Oscar a Melhor Ator, Daniel Day-Lewis já levou a estatueta três vezes.

Lula Mattos

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