Saiba quem foi Silvio Tendler, conhecido como o cineasta dos vencidos

Autor de mais de 70 filmes e 12 séries, Tendler eternizou personagens e causas sociais

O cinema brasileiro perdeu, nesta sexta-feira (5), um dos nomes mais importantes do mercado cinematográfico. Silvio Tendler, documentarista reconhecido por unir arte e memória histórica em mais de cinco décadas de carreira, é o autor de mais de 70 filmes e 12 séries televisivas. O profissional ficou conhecido como o “cineasta dos vencidos” ou dos “sonhos interrompidos”, devido sua dedicação em retratar personagens que tiveram suas trajetórias marcadas por rupturas, perseguições e mortes precoces.

Nascido no Rio de Janeiro em 12 de março de 1950, Tendler começou cedo no movimento cineclubista. Em 1968, presidiu a Federação de Cineclubes do Rio e, no mesmo ano, dirigiu seu primeiro documentário, sobre a Revolta da Chibata, após conhecer João Cândido, o Almirante Negro. A obra, no entanto, foi destruída pela ditadura militar na época. Pouco tempo depois, Silvio abandonou o curso de Direito na PUC-Rio para se dedicar integralmente ao cinema.

Exilado durante os anos de chumbo, o cineasta viveu no Chile, onde acompanhou de perto o governo de Salvador Allende e trabalhou na Chilefilms. Mais tarde, mudou-se para a França, onde fez especialização em Cinema Documental aplicado às Ciências Sociais no Musée Guimet e se formou em História pela Universidade de Paris VII, além de concluir mestrado na École des Hautes Études – Sorbonne.

Tendler voltou ao Brasil em 1976, iniciou a produção de Os Anos JK – Uma Trajetória Política, primeiro longa que se tornaria referência no documentário nacional. Dois anos depois, criou o curso pioneiro de Cinema e História na PUC-Rio, instituição onde lecionou por mais de 40 anos. Entre suas obras de maior alcance popular estão Jango (1984), sobre João Goulart, e O Mundo Mágico dos Trapalhões (1981), que lotou salas de cinema em todo o País.

Os trabalhos de Silvio são marcados por personagens como Juscelino Kubitschek, Carlos Marighella, Leonel Brizola, Oswaldo Cruz e Castro Alves. Aparecido por milhões de espectadores, as produções abriram espaço para o documentário como ferramenta de reflexão política e social no Brasil. Em reconhecimento, recebeu a Medalha Juscelino Kubitschek, em 2003, e a Ordem de Rio Branco, em 2006.

Mesmo após ter ficado tetraplégico em 2012 em decorrência de uma doença na medula, Silvio Tendler seguiu produzindo. Sua trajetória de superação foi retratada em A Arte do Renascimento, de Noilton Nunes. Nos anos seguintes, lançou títulos como Saúde Tem Cura (2021), dedicado ao SUS, reafirmando sua disposição em transformar a câmera em instrumento de resistência e cidadania.

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Edição 42

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