Aos 74 anos, Sandra Gadelha enfrenta pela segunda vez a dor de perder um filho. Mãe da cantora Preta Gil, que morreu no domingo (20), vítima de um câncer colorretal, Sandra já havia se despedido do primogênito Pedro Gil, morto em um acidente de carro em 1990, aos 20 anos.
Casada com Gilberto Gil entre 1969 e 1980, Sandra foi figura central nos bastidores de um dos períodos mais importantes da música e da política no Brasil. Juntos, o casal enfrentou o exílio em Londres durante os anos de chumbo da ditadura militar, onde nasceu o primeiro filho, em 1970. De volta ao Brasil, nasceram Preta (1974) e Maria (1976).
Sandra era irmã de Dedé Veloso, primeira esposa de Caetano Veloso, e recebeu de Maria Bethânia o apelido de Drão, que acabou sendo eternizado na música composta por Gilberto Gil, lançada em 1982, após o fim do casamento. A canção se tornou uma das mais conhecidas da carreira do artista.

Preta Gil, mãe, neta e filho
Embora tenha mantido uma postura discreta ao longo da vida, Sandra teve papel fundamental na formação artística dos filhos. Além disso, foi presença constante ao lado de Preta Gil, especialmente durante o período do tratamento oncológico iniciado em janeiro de 2023. Em diversas entrevistas e homenagens públicas, a cantora fez questão de enaltecer a mãe como exemplo de força, fé e acolhimento.
Ver essa foto no Instagram
“Você me inspira e me emociona todos os dias, minha Rainha”, escreveu Preta nas redes sociais em 2024, durante o aniversário de Sandra. Em outra ocasião, em meio à quimioterapia, a cantora afirmou que: “Seu maior presente está prestes a acontecer, que é minha cura! Você é tudo pra mim”.
A trajetória de Sandra também é lembrada por sua influência silenciosa na música brasileira. Além de musa inspiradora de canções como Drão e Sandra, do disco Refavela (1977), ela viveu de perto o processo criativo de Gil, transitando por espaços de efervescência cultural e política sem buscar os holofotes.