Os suecos são os primeiros no mundo a estarem livres do fumo. É o que revela o relatório divulgado pela Smoke Free Sweden, que apresenta dados oficiais da pesquisa nacional de saúde pública e mostra que a incidência de tabagismo para pessoas nascidas na Suécia atingiu a marca de 4,5%, índice abaixo do limite de 5% da Organização Mundial da Saúde (OMS) para uma nação ser considerada livre de fumo.
O resultado é atribuído a uma política implementada no país que incentiva os cidadãos a trocarem os cigarros comuns por produtos alternativos a nicotina como cigarros eletrônicos, snus e bolsas orais de nicotina. A pesquisa analisou as taxas de tabagismo entre 2022 e 2024.
Segundo a Dra. Alessandra Bastos, farmacêutica, ex-diretora da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e consultora científica da BAT Brasil, a combustão gerada pela queima do tabaco é o que prejudica a saúde dos consumidores e não a nicotina, apesar de causar dependência. “O sucesso da Suécia tem a ver com a decisão do governo de considerar a necessidade de ajudar os fumantes e regulamentar os produtos alternativos de redução de danos, como os cigarros eletrônicos, que oferecem 95% menos riscos à saúde quando comparados ao cigarro convencional”, explica.
A especialista lembra que, no Brasil, os cigarros eletrônicos são proibidos pela Anvisa desde 2009 e os adultos fumantes que buscam consumir nicotina de uma forma mais segura só têm acesso a dispositivos ilegais e contrabandeados, fornecidos pelo comércio ilícito. “A proibição é absurda porque expõe consumidores a produtos sem qualquer controle sanitário e com procedência desconhecida. A falta de controle sobre o produto permite que o “fabricante” ilegal utilize a composição que achar adequada, sem critérios para a quantidade de nicotina e outras substâncias, como solventes”, alerta.
No Brasil, o debate sobre a regulamentação dos cigarros eletrônicos tramita no Congresso Nacional com o PL 5008/2023, “enquanto o comércio ilegal segue se beneficiando da proibição vigente, crescendo e colocando em risco a saúde de mais de 3 milhões de consumidores brasileiros”, finaliza Bastos.