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Saiba os significados da Sexta-feira da Paixão em diferentes religiões

Data em que Jesus foi crucificado é comemorada de forma única para católicos, espíritas e outras crenças

A Sexta-feira da Paixão, também conhecida como Sexta-feira Santa, é uma das datas mais importantes no calendário cristão. Com raízes que remontam aos primeiros séculos do cristianismo, a data marca o dia em que Jesus foi condenado e crucificado.

Segundo os relatos bíblicos, a morte de Jesus teria ocorrido por volta do ano 30 d.C., em Jerusalém. Sua crucificação é considerada o ápice de sua missão na Terra: um sacrifício voluntário para a redenção dos pecados da humanidade. Desde então, a data passou a ser celebrada anualmente, sempre na sexta-feira que antecede o domingo de Páscoa — dia da ressurreição.

Nos primeiros tempos do cristianismo, os rituais eram marcados por jejuns e reuniões silenciosas. Com o tempo, a tradição evoluiu para incluir procissões, encenações da Paixão de Cristo e uma série de práticas devocionais, especialmente na parte ocidental do mundo. No entanto, embora tenha surgido dentro do cristianismo, a Sexta-feira da Paixão ressoa, direta ou indiretamente, em outras crenças e religiões. Veja abaixo como diferentes religiões e tradições enxergam e se relacionam com a data.

Cristianismo

Para os cristãos, especialmente católicos, ortodoxos e protestantes, a Sexta-feira da Paixão é o ponto central da Semana Santa, período que relembra os últimos momentos da vida de Jesus. É um dia de luto e reverência, no qual fiéis se abstêm de festas e, muitas vezes, da carne vermelha como forma de penitência.

Nas igrejas, as celebrações costumam incluir a encenação da Via Sacra — os passos de Cristo até o Calvário — e a adoração da cruz, em uma liturgia sóbria e sem o tradicional rito da Eucaristia. Em muitas cidades brasileiras, esse momento é vivido também nas ruas, por meio de procissões e apresentações teatrais que envolvem comunidades.

Para os evangélicos, embora o foco litúrgico possa ser menor, a mensagem da cruz é a mesma: o sacrifício de Jesus como ato supremo de amor e redenção da humanidade.

Ortodoxia oriental

Nas igrejas ortodoxas, que seguem um calendário litúrgico diferente do ocidental, a Sexta-feira da Paixão é chamada de Grande e Santa Sexta. É um dia de jejum e introspecção. Os fiéis participam de cultos especiais, onde são relembradas as palavras finais de Jesus e sua crucificação.

O simbolismo é ainda mais acentuado na forma como os templos são preparados: sem flores, com iluminação reduzida, reforçando o clima de luto sagrado. No entanto, essa tristeza é vivida com esperança, já que o domingo seguinte, da Ressurreição, é o ápice da fé cristã ortodoxa.

Judaísmo

Embora o judaísmo não celebre a Sexta-feira da Paixão, a data cristã está historicamente ligada à Páscoa judaica, o Pessach. Foi durante esse período que, segundo os Evangelhos, Jesus teria sido julgado e crucificado.

O Pessach relembra a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito, e simboliza um novo começo, a passagem da escravidão para a liberdade. A coincidência das datas reforça a conexão entre as duas tradições, mas com enfoques teológicos distintos.

Islamismo

No islamismo, Jesus (ou Isa, como é chamado no Alcorão) é reconhecido como um dos grandes profetas de Deus, embora não seja considerado divino nem crucificado. Para os muçulmanos, Deus teria poupado Jesus da cruz, elevando-o aos céus de outra forma.

Mesmo que a Sexta-feira da Paixão não seja observada, muitos muçulmanos reconhecem o respeito que os cristãos dedicam à data. A tradição islâmica também valoriza o jejum, a introspecção e o perdão — valores próximos aos vividos pelos cristãos neste dia.

Espiritismo

Para os espíritas, a Sexta-feira Santa é um momento simbólico que convida à reflexão profunda sobre os ensinamentos de Jesus. A crucificação não é vista como um sofrimento imposto por Deus, mas como um exemplo de resignação, amor e perdão diante da injustiça.

Segundo a doutrina codificada por Allan Kardec, Jesus é o guia e modelo da humanidade. Sua morte simboliza o triunfo do espírito sobre a matéria e reforça valores como o desprendimento, a humildade e a fé na vida futura. A data, portanto, é mais voltada à vivência interior e à prática do bem do que a rituais externos.

Candomblé

Embora o Candomblé não celebre oficialmente a Sexta-feira da Paixão, muitos praticantes que têm origem católica, por causa do sincretismo religioso, acabam vivenciando a data. Em várias casas de axé, por exemplo, esse dia pode ser dedicado a Oxalá — orixá associado à criação, à paz e à pureza — que é comumente sincretizado com Jesus Cristo.

Todas as sextas-feiras são tradicionalmente um dia consagrado a Oxalá, o que confere à data um caráter ainda mais sagrado dentro da religião afro-brasileira. É comum que os rituais nessa data sejam marcados pela vestimenta branca, comidas típicas e o recolhimento espiritual.

Tradições populares brasileiras na Sexta-feira da Paixão

Além dos significados religiosos, a Sexta-feira da Paixão também é marcada por uma rica diversidade de manifestações populares no Brasil. Algumas delas incluem:

– Jejum e abstinência de carne: especialmente entre católicos, o hábito de evitar carne vermelha nesse dia é um gesto de sacrifício em memória ao sofrimento de Jesus. Em seu lugar, é comum o consumo de peixe.

– Teatros da Paixão de Cristo: espetáculos encenando os últimos dias de Jesus são realizados em dezenas de cidades, sendo o mais famoso o de Nova Jerusalém, em Pernambuco, que atrai milhares de espectadores todos os anos.

– Procissões e caminhadas: em diversas regiões, fieis percorrem longos trajetos em procissão, muitas vezes com cruzes nas costas ou descalços, como forma de penitência e devoção.

– Silêncio e introspecção: algumas famílias mantêm o costume de viver a sexta-feira em silêncio parcial, com televisão desligada, sem música e com orações em casa — criando um ambiente de recolhimento e respeito.

– Superstições populares: há crenças populares de que, por ser um dia sagrado, não se deve lavar a cabeça, cortar cabelo ou usar objetos cortantes. Em algumas comunidades, acredita-se também que é um dia “fechado”, no qual más energias devem ser evitadas.

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