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Saiba o que é a síndrome que causa medo de desconectar

Você já se percebeu em que estar conectado o tempo inteiro trouxe algum prejuízo para a sua vida? Esse é um sentimento mais comum do que se pensa. Mas até se chegar a essa conclusão, são muitos estágios. Um deles pode ser o medo de se desconectar, uma sensação de estar de fora de algo que está acontecendo, justamente por não estar conectado. Isso ganhou um nome, é a sigla FOLO, que em inglês significa fear of logging off, ou medo de se desconectar, em português. 

A psicóloga Cleidiane Souza explica que esse efeito é comum porque as redes sociais estimulam a liberação de dopamina, que é o hormônio do prazer no nosso cérebro. “A cada notificação, cada curtida, cada comentário, ela oferece uma recompensa instantânea, uma recompensa imediata. Então, isso cria um ciclo de gratificação rápida“, destaca. Essa seria uma das causas do medo de se desconectar, porque vem da preocupação de perder algo importante que se passa no mundo on-line. 

Quem passa muito tempo nas redes sociais ao ponto de comprometer as responsabilidades, relacionamentos e o tempo dedicado a outras atividades essenciais, deve ficar atento porque pode estar chegando a um nível de dependência das redes sociais. Outro indicativo é o sentimento de inadequação, de frustração, que inevitavelmente afeta a qualidade de vida da pessoa.

Você esquece das suas atividades, das suas responsabilidades, seja ela na sua vida pessoal ou profissional. E se dedica exclusivamente às redes sociais, como se aquilo fosse algo que você necessitasse e dependesse daquilo. Tem pessoas que acordam e já pegam no celular. É a sua primeira ação após acordar. Isso também pode ser um sinal de dependência das redes sociais“, alerta.

A jornalista Janayna Moradillo viveu esse momento no ano passado. Ela excluiu aplicativos de todas as redes sociais do celular e passou a evitar esses estímulos que estavam comprometendo a sua rotina. 

Foi um momento de virada de chave. Eu precisa respirar um pouco da vida e me isolar das redes sociais foi uma boa resolução para isso. Primeiro, porque eu estava passando boa parte do meu tempo diário nas redes socais. Depois, que ficar observando a vida dos outros, uma realidade que parecia perfeita – naquele momento – potencializou minha ansiedade. Deixando tudo ao meu redor, na minha vida real, mais desconfortáveis“, relata a jornalista que já voltou a acessar as redes, mas com muito mais cuidado e inteligência emocional. 

Impactos 

De acordo com Cleidiane, o uso excessivo das redes sociais pode pode agravar questões de saúde mental e levar a uma série de impactos negativos, de psicológicos a até mesmo quanto físicos. Os principais são ansiedade, depressão, sensação de isolamento, baixa autoestima, problemas de concentração e até distúrbios do sono.

Quando o uso se torna muito compulsivo, as redes sociais podem contribuir para o aumento da pressão social, do isolamento, da comparação. Então, isso pode gerar uma sensação de inadequação, de que a sua vida não é boa o suficiente, de que você não é bom o suficiente. Então, isso pode potencializar problemas pré-existentes ou desencadear novas questões emocionais“, analisa. 

Para os adolescentes, que costumam passar bastante tempo conectados às redes, esses sintomas podem ser potencializados, já que é uma fase desenvolvimento, quando a validação social e a aceitação do grupo são especialmente importantes, segundo a psicóloga.

Para minimizar esses efeitos, os pais têm um papel crucial no desenvolvimento de hábitos saudáveis em relação às redes sociais dos seus filhos. “Eles devem incentivar o uso equilibrado, estabelecendo alguns limites mais claros, tempo de tela, oferecendo alternativas para atividades off-line e, principalmente, promover um diálogo aberto com os filhos sobre esses impactos das redes sociais“, sugere.

É importante que os pais demonstrem um modelo mais saudável do uso da tecnologia, frisando os seus inúmeros benefícios, mas também conversar sobre prejuízos. 

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