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Saiba mais sobre a Síndrome do Ovário Policístico

Médica especialista no assunto explica sobre os principais sintomas, diagnósticos e tratamentos da doença

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Nesta semana, a atriz Larissa Manoela revelou ter sido diagnosticada com a **Síndrome do Ovário Policístico**, e o **GPS** conversou com a especialista em endocrinologia ginecológica **Bruna Heinen** para esclarecer as principais dúvidas sobre a doença.

Segundo a médica, a palavra ‘síndrome’ é conceituada como um conjunto de sinais e sintomas. Nesse sentido, a Síndrome do Ovário Policístico (SOP) consiste em três principais sintomas: **irregularidade da menstruação**, **aumento da pilificação** (aparecimento de pelos em regiões que são mais masculinas) e **alteração no exame de imagem**, em que é identificado o aparecimento de **multi cistos** no ovário.

**Diagnóstico**

Para o diagnóstico, geralmente são solicitados exames para **excluir outras causas**, visto que os sintomas da SOP podem ser os mesmos sintomas de outras doenças. Assim, exames hormonais e de tireoide, assim como os de imagem, são essenciais para identificar o distúrbio.

Bruna explica que a Síndrome do Ovário Policístico é uma doença **metabólica**, que possui relação com a alteração no metabolismo da **glicose** e com a **resistência à insulina**. Além disso, ela conta que existem **fatores genéticos** e epigenéticos envolvidos no surgimento da doença, assim como alguns hábitos que podem favorecer o desenvolvimento da SOP.

Alguns deles, por exemplo, podem ser o contato, desde a infância, com **alimentos ultraprocessados, inseticidas e alguns produtos de higiene**, que, de acordo com a ginecologista, são **disruptores endócrinos**, ou seja, substâncias químicas que interferem no sistema hormonal.

Esse distúrbio pode aparecer em qualquer idade, porém há uma tendência de aparecer após a primeira menstruação. No entanto, atualmente, evita-se fazer o diagnóstico na adolescência, pois nesse período, há muitos **fatores confundidores**, como a grande quantidade de espinhas características da idade, e também a irregularidade menstrual, que se dá por conta de imaturidade no eixo hipotálamo-hipófise-ovário, responsável pela menstruação.

Por isso, é preferível fazer o diagnóstico **após os 17 anos de idade**, pois já se tem certeza da maturidade do eixo e já não há mais tantas espinhas. “_Assim, é possível fechar um diagnóstico mais certeiro_”, afirma.

**Tratamento**

**Reeducação alimentar e prática regular de atividades físicas** são a chave para ter uma boa convivência com a síndrome e melhorar os sintomas apresentados. “_Os exercícios físicos reduzem a resistência à insulina, e a dieta deve ser com poucos carboidratos e alimentos com alto índice glicêmico_”, destaca Bruna, ressaltando que é essencial manter um acompanhamento próximo com um nutricionista.

Outra linha de cuidados se dá com os **tratamentos sintomáticos**. “_Qual o problema que a irregularidade menstrual pode trazer?_”, questiona a médica. Ela esclarece que, por as mulheres ficarem **meses sem menstruar**, o endométrio pode proliferar de forma alterada e, no futuro, aumentar as chances de surgir um **câncer de endométrio**.

Assim, o **anticoncepcional** vem para proteger o endométrio e diminuir os riscos de desenvolvimento da doença. Além do mais, o contraceptivo tem um efeito positivo na pele, diminuindo acne e pelos indesejados. Para quem prefere não usar o anticoncepcional, há a opção de usar **medicamentos antiandrogênicos** para resolver essas questões. Porém, o principal e mais importante tratamento é **mudança do estilo de vida**.

**Vivendo com SOP**

É importante ressaltar que a síndrome impacta na **dificuldade de engravidar**, visto que a mulher não ovula de forma qualitativa todos os meses, tornando mais complicado definir o período fértil. No entanto, existem tratamentos para auxiliar a mulher nesse momento.

Por ser uma síndrome relacionada ao metabolismo do corpo, ela aparece, muitas vezes, em mulheres que têm aumento de risco de Diabetes Mellitus tipo 2, hipertensão e que, no futuro, podem estar associadas à obesidade. Ainda mais, essas mulheres sofrem aumento de risco de AVC, infarto e até câncer.

Além disso, Bruna conta que há uma questão estética muito forte envolvida: “_São mulheres que às vezes tem uma pilificação muito alta em regiões da face, o que impacta até o **psicológico**_”.

Para ela, “_a partir do momento em que as mulheres entendem que é necessário muito mais uma **mudança que parte delas**, elas convivem bem com a síndrome. Quando isso não acontece, torna-se mais difícil_”.