A expulsão de um estudante de uma universidade pública é uma medida extrema, aplicada apenas após o cumprimento de etapas formais previstas no regimento interno da instituição. Foi exatamente esse o caminho seguido pela Universidade de Brasília (UnB) no caso do estudante Wilker Leão, youtuber de extrema-direita e aluno do curso de História, que foi formalmente expulso da instituição nessa sexta-feira (5).
A penalidade ocorre por meio de um processo administrativo chamado Processo Disciplinar Discente (PDD), que analisa condutas que ferem os princípios éticos, acadêmicos ou legais dentro do ambiente universitário. Durante o processo, o estudante tem direito à ampla defesa, ao contraditório e a ser ouvido por uma comissão especialmente formada para apurar os fatos. Só após a conclusão do relatório, e com pareceres jurídicos favoráveis, é que a penalidade pode ser aplicada.
A universidade informou que a medida foi tomada após a conclusão do PDD, que investigou sua conduta ao gravar professores e colegas em sala de aula sem autorização e divulgar os vídeos nas redes sociais com teor de deboche e provocação. Segundo a reitoria, a sanção de expulsão está em conformidade com o parecer da Procuradoria Federal junto à UnB e com o relatório final da comissão disciplinar.
A exclusão implica que o estudante perde todos os vínculos com a universidade e fica impedido de realizar novas matrículas. Trata-se da punição mais severa no âmbito acadêmico, aplicada somente quando a conduta do aluno é considerada incompatível com a convivência universitária. Antes disso, a instituição pode aplicar outras medidas, como advertência, suspensão ou desligamento temporário. Em todos os casos, há a possibilidade de recurso, o que garante que a decisão seja reavaliada por instâncias superiores dentro da própria universidade.
O caso de Wilker Leão ganhou repercussão nacional não apenas pela expulsão em si, mas também pelo uso político de sua atuação na universidade. Com mais de 940 mil inscritos em seu canal no YouTube, ele usava os conteúdos gravados em sala de aula para criticar professores e alunos. Em postagens nas redes sociais, afirmou que cursava História para “combater narrativas ideológicas da esquerda”.