André Braga A sensação constante de cansaço, aquela exaustão que não passa mesmo após uma boa noite de sono, pode ser um sinal de alerta para algo além do estresse diário. A anemia, condição caracterizada pela baixa concentração de hemoglobina no sangue, é uma das causas mais comuns de fadiga persistente. Segundo especialistas, a deficiência de ferro, vitamina B12 ou ácido fólico pode comprometer o transporte de oxigênio para as células, resultando em um desgaste físico e mental que vai muito além do cansaço comum.
“A anemia é uma doença ou uma condição clínica em que o número de hemácias, de glóbulos vermelhos do sangue, está normal ou que a quantidade da proteína que carrega esse oxigênio está abaixo do normal. Então, isso leva a uma redução do transporte do oxigênio para os tecidos do corpo, e é isso que gera vários sintomas”, explica a médica ginecologista Giani Cezimbra.
Entre os sinais mais comuns da condição de saúde, está o cansaço extremo, fraqueza, palidez, falta de ar, palpitações e tonturas. A especialista alerta que em alguns casos, o cabelo pode ficar fraco e até mesmo começar a cair, as unhas também podem ficar fracas. “Pode chegar a um ponto de ter tonturas e até desmaiar. Dependendo do nível dessa falta de hemácias, ou de essas hemácias estarem mais fracas, a pessoa pode desmaiar. E pode sentir também dor de cabeça”, revela a médica.
Em relação ao tratamento, a ginecologista destaca que além do ferro, é necessário atenção na alimentação em relação à ingestão de proteína animal. “A carne é uma grande fonte de ferro, mas as verduras, principalmente as folhas mais verdes intensas e as raízes, têm uma boa quantidade de ferro. Além disso, alimentos com complexo B, a gente precisa repor a vitamina B12, que está incluída na formação das hemácias, ácido fólico, zinco”.
A especialista explica que o cansaço da anemia é um cansaço diferente, que não passa e que vai aumentando gradativamente, se somando a outros sintomas. “Quando a gente dorme e se alimenta mal, a gente tem um cansaço que passa conforme a gente recupera esses hábitos, essas condições que causaram esse cansaço. O cansaço da anemia é gradativo e vai piorando com o tempo”, pontua Giani.
A anemia pode se manifestar de diferentes formas, dependendo da causa e dos nutrientes em falta no organismo. A mais comum é a anemia ferropriva, provocada pela deficiência de ferro, que ocorre principalmente após perdas sanguíneas, como cirurgias, acidentes ou fluxos menstruais intensos. Essa carência impede a produção adequada de glóbulos vermelhos e compromete o transporte de oxigênio para os órgãos, resultando em sintomas como cansaço extremo, fraqueza, tontura e falta de ar.
Além da ferropriva, existem outros tipos de anemia relacionados à deficiência de nutrientes essenciais. A anemia megaloblástica, por exemplo, é causada pela carência de vitamina B12 e ácido fólico, nutrientes fundamentais para a formação das hemácias. Já a anemia perniciosa está associada à incapacidade do organismo de absorver a B12, enquanto a anemia falciforme é uma condição hereditária caracterizada por alterações na forma dos glóbulos vermelhos.
O tratamento varia de acordo com o tipo de anemia diagnosticada. No caso da ferropriva, a reposição de ferro é fundamental, seja por meio da alimentação, priorizando carnes vermelhas, folhas verdes escuras e leguminosas, ou por suplementação prescrita por um médico. Para a megaloblástica, a recomendação inclui a reposição de B12 e ácido fólico, enquanto a anemia falciforme exige acompanhamento contínuo e cuidados específicos.
Os exames laboratoriais são essenciais para o diagnóstico preciso. “Na rotina, o hemograma e a dosagem de ferritina já são suficientes para identificar a maioria dos casos de anemia. Em situações mais complexas, podem ser solicitados testes adicionais, como a dosagem de transferrina e ferro sérico”, orienta a ginecologista Giani Cezimbra.
