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Rússia exige que a França permita acesso de seus diplomatas ao dono do Telegram

A prisão de Pavel Durov, fundador e CEO do Telegram, na França no sábado (24) à noite, provoca novas tensões entre os governos de Paris e Moscou. Durov foi detido depois que seu jato particular aterrissou no aeroporto Le Bourget, no norte de Paris, segundo autoridades francesas. Neste domingo (25), o ministério das Relações Exteriores em Moscou exigiu acesso de seus diplomatas ao empresário de 39 anos, que nasceu na Rússia.

Autoridades russas reagiram de forma enérgica à prisão de Durov. Alguns deles descreveram que foi um ato hostil contra o país presidido por Vladimir Putin. A porta-voz do ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse que a embaixada russa em Paris enviou uma nota ao ministério das Relações Exteriores da França na qual pediu acesso consular a Durov, informou a agência estatal Tass.

Zakharova disse que Moscou continuará monitorando a reação de organizações internacionais vinculadas à prisão de Durov para avaliar se elas serão “vigilantes para proteger direitos humanos e garantir a liberdade de expressão”, como elas agem contra o governo russo quando consideram que cometeu tais transgressões.

O Telegram informou que Durov deixou a Rússia em 2014 e mais tarde passou a viver em Dubai, onde a plataforma digital está baseada. A empresa disse ainda que ele é cidadão dos Emirados Árabes Unidos e da França, onde obteve a cidadania em 2021.

Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, disse que Pavel Durov deixou o país porque queria ser “um homem do mundo que vive bem sem sua pátria”, mas agora recebeu um alerta. “Ele calculou mal”, disse Medvedev. “Para todos nossos inimigos comuns, ele é russo, e desta forma é imprevisível e perigoso.”

A prisão de Pavel Durov ocorreu em um período marcado pelo aumento de preocupações de autoridades na Europa sobre o uso do Telegram por criminosos, como traficantes de drogas e pedófilos. A mídia na França disse que a detenção de Durov está relacionada com investigações sobre o papel do Telegram em espalhar pornografia infantil e a recusa da plataforma digital de cooperar com autoridades para combater tais crimes.

O Telegram é a mídia social mais importante em vários países no leste europeu. Autoridades dos governos de Rússia e Ucrânia utilizam a plataforma para transmitir informações sobre a guerra entre os dois países. Moscou também a usa para recrutar agentes na Europa para atos de sabotagem em várias nações.

Neste contexto, Durov pode ser um ativo valioso para agências de inteligência ocidentais que buscam desvendar comunicações criptografadas transmitidas pelo Telegram. A França foi alvo de diversas operações russas nos últimos meses, o que provocou críticas do presidente Emmanuel Macron e de outros membros do seu governo. (Fonte: Dow Jones Newswires)

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