GPS Brasília comscore

Rombo bilionário e debandada: entenda a crise nas Lojas Americanas

Ex-CEO da empresa, Sergio Rial, afirma que inconsistências nos balanços se arrastaram por quase uma década. Ações da empresa caíram quase 80% na bolsa após revelação de dívida de R$ 20 bilhões

Compartilhe:

O agora ex-CEO da Americanas, Sergio Rial, disse nesta quinta-feira (12) que o problema que resultou em **R$ 20 bilhões em inconsistências no balanço da empresa** se arrasta por cerca de 7 a 9 anos. Rial participa de uma reunião fechada com clientes do BTG Pactual.

Ele afirmou também que a companhia vai precisar de capital e que, para isso, os acionistas de referência já foram contactados e eles têm mostrado comprometimento com a varejista. As ações das Lojas Americanas (AMER3) viraram pó na abertura do pregão da B3 – eram negociadas a R$ 2,53 por volta das 15 horas, frente ao valor de R$ 11,65 de quarta-feira (11).

Rial afirmou que a inconsistência no balanço se relaciona a “_risco sacado que não era lançado como dívida_”.

“_Os R$ 20 bilhões são a melhor estimativa do que vimos em 9 dias, não chancelados por auditoria_”, acrescentou o executivo.

Segundo ele, essas incongruências na maneira de reportar a “_conta fornecedores_” não são um problema apenas da Americanas, mas **se arrastam desde os anos 1990 no setor, por conta de diferentes formas de reportar essa rubrica**.

Por conta do caso, Rial e o diretor de relações com investidores, André Covre, decidiram deixar os cargos.

**Entenda**

A Americanas comunicou que foram **detectadas inconsistências em lançamentos contábeis redutores da conta fornecedores realizados em exercícios anteriores, incluindo o de 2022**. Em uma análise preliminar, a área contábil da companhia estima que os valores das inconsistências sejam da dimensão de R$ 20 bilhões na data-base de 30 de setembro de 2022.

“_Neste momento, não é possível determinar todos os impactos de tais inconsistências na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da companhia_”, diz o fato relevante divulgado.

Entre as inconsistências, a área contábil da companhia identificou a existência de operações de financiamento de compras em valores da mesma ordem acima, nas quais a Americanas é devedora perante instituições financeiras e que não se encontram adequadamente refletidas na conta fornecedores nas demonstrações financeiras de 30 de setembro do ano passado.

O conselho de administração decidiu, ainda, criar um **comitê independente para apurar as circunstâncias** que ocasionaram as referidas inconsistências contábeis.

“_Os acionistas de referência da Americanas, presentes no quadro acionário há mais de 40 anos, informaram ao Conselho de Administração que pretendem continuar suportando a companhia, tendo o Sr. Sergio Rial como seu assessor nesse processo, prestando apoio na condução dos trabalhos_”, diz ainda o documento.