Nem só ícone fashion, nem apenas ícone da música brasileira. Rita era ícone em tudo. A artista morreu neste 9 de maio, aos 75 anos, mas deixou de herança para os brasileiros a quebra com o convencional e a irreverência. Dona de um estilo debochado, único e sincerão, a paulista não ligava para críticas — talvez por isso tenha se tornado uma figura tão única para o País.
Suas aparições em shows ou em capas de revistas refletiram a alma livre de Rita. Com cabelos vermelhos e óculos arredondados, as marcas registradas da artista também refletiam sua excentricidade.
Em 1968, Os Mutantes, grupo no qual rockeira fazia parte, eram os únicos tropicalistas que concorriam ao Festival Internacional da Canção. Para a apresentação e na capa do álbum, Rita usou um de seus looks mais icônicos: um vestido de noiva. Ser careta realmente não era com ela.
Em seu guarda-roupa, a Ovelha Negra do Brasil incorporava referências a grandes nomes do cenário mundial, como David Bowie. Rita passeava entre o hippie e o glam rock dos anos 80 sem parecer se esforçar. Ela usava a moda como meio de comunicação. Uma prova dessa afirmação foi o primeiro show que fez depois da prisão, durante a ditadura militar, onde apareceu vestida de presidiária.
Em seu livro, Rita Lee: Uma Autobiografia, a cantora fala sobre sua relação com o universo fashion. Segundo seu próprio relato, durante uma viagem a Londres, quando visitou a icônica loja Biba, provou uma bota prateada e, quando a vendedora se afastou, saiu do lugar com as botas sem pagar — você já deve ter visto o sapato na capa de do álbum com a banda Tutti Frutti.
A paulista é sinônimo de transgressão, e não apenas pelo fato de comandar um grupo de rock, mas também pelos seus posicionamentos, personalidade e estilo.