Seja por tarifa recíproca ou por quebra de patentes, uma eventual reação do governo brasileiro ao tarifaço de Donald Trump pode atingir o Sistema Único de Saúde (SUS). Isso porque o SUS é o maior comprador de medicamentos de alta complexidade dos EUA. A entrada em vigor da medida norte americana, a partir de 1º de agosto, é dada como certa pelo setor privado.
O Brasil importou mais de US$ 1,7 bilhão de produtos farmacêuticos dos EUA no ano passado, conta que inclui medicamentos (US$ 930 milhões) e vacinas e produtos imunológicos (US$ 750 milhões). Os importadores de medicamento estão preocupados com a possibilidade de uma retaliação brasileira.
O presidente do Sindusfarma, Nelson Mussolini, estima que 60% dos medicamentos de alta complexidade importados dos EUA abastecem o SUS. O restante vai para o sistema de saúde suplementar. O resto da conta vai sobrar para os planos de saúde particulares.
Não é fácil replicar ou substituir medicamentos, são produtos complexos que dependem de um processo de transferência amigável de tecnologia, e pode levar cinco anos até que um país consiga produzir suas própias fórmulas. Além disso, a quebra de patentes pode repercutir mal no mundo todo”, alertou Nelson.
Medicamentos de alta complexidade, usados no tratamento de câncer, artrite reumatóide, doenças raras e outras condições são importados de grandes laboratórios dos EUA, Suíça e Alemanha. O Brasil, que tem a balança comercial deficitária nesses insumos, importou US$ 6,7 bilhões para o segmento no ano passado.