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Reivete-se: Ivete Sangalo é a mulher deste novo tempo

Trinta anos de carreira, inúmeras canções, três filhos e três anjos que a guardam: o marido Daniel, a irmã Cynthia e o amigo Dito
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Foto: Leca Novo

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Poucos artistas no País conseguiram o que ela conquistou: Ivete Sangalo é uma unanimidade entre os brasileiros. Pode ser que até que um ou outro não curta algum hit da artista, mas é inegável que a presença de espírito, o carisma, a espontaneidade e o poder vocal da cantora baiana conquistam cada vez mais uma verdadeira e incalculável legião de fãs, tanto aqui quanto no exterior.

Ao longo de três décadas, a trajetória de Ivete Sangalo desdobra-se como um conto vibrante, entrelaçado com mais de trezentas canções que ecoam a alma brasileira. Não apenas um ícone musical, mas uma força inigualável na indústria do entretenimento, a cantora colhe os frutos de uma carreira de incontáveis triunfos e reconhecimento global. “São trinta anos de satisfação. Ainda que eu tenha vivido os meus percalços, e quem não vive, né? Mas todos eles me ajudaram a chegar aqui feliz. Eu estou feliz”, tem vibrado a baiana.

Com vendas superiores a 18 milhões de cópias, uma estante repleta de mais de 150 prêmios nacionais e internacionais, incluindo o prestigiado Grammy Latino e o Shorty Awards, a cantora começou uma espécie de “esquenta” da comemoração, com um grandioso show no Maracanã, no Rio de Janeiro, no dia 20 de dezembro, repetindo uma apresentação histórica no mesmo estádio em 2007. “O Maracanã foi um divisor de águas na minha vida. Eu já vinha com a minha carreira, mas o Maracanã foi uma assinatura muito importante. Primeiro, pelo templo que é. Foi ‘lotadaço’. Foi o DVD mais vendido do mundo”, confidenciou ao podcast Quem Pode, Pod, apresentado pelas amigas Giovanna Ewbank e Fernanda Paes Leme.

A partir deste marco, que também combina com o lançamento do EP Reivete-se, de três faixas, a cantora multifacetada viajará pelo Brasil para trinta shows que terão o mesmo formato pomposo do realizado no Maracanã, que foi televisionado pela Rede Globo. A estrutura grandiosa de produção e tecnologia não é à toa: com toda a pompa, Ivete pretende devolver aos fãs todo o amor e apoio que fizeram dela, hoje, uma das maiores artistas do Brasil. “Está tudo feito com muito carinho”, declarou Ivete, que é reconhecida por 75% dos brasileiros como uma estrela em seu auge ou em ascensão contínua, segundo pesquisa da GFK, em parceria com AirStripe e Controle da Concorrência. “Sou uma mulher de poucas vaidades e de muita responsabilidade. Tudo que diz respeito ao meu trabalho depende diretamente da minha força de vontade e dedicação.”

Mulher vibrante

Poucos sabem, mas Ivete Sangalo não tinha a pretensão de ser cantora, muito menos a artista que acabou se transformando. Ainda criança, incentivada pelos pais, ambos já falecidos, a baiana teve muito contato com a música. O pai, embora ourives de profissão, sempre estava com seu violão a tiracolo. A mãe, que chegou a ver o sucesso da filha sendo reverberado no Brasil, foi quem a inspirou no canto. “Eu sabia que ia me dar bem em alguma coisa, eu tinha essa certeza. A música sempre foi a minha vida, mas nunca foi o sonho, era uma coisa genuína da família”.

O gosto pelos palcos surgiu durante um emprego em uma loja de roupas no Shopping Iguatemi, de Salvador, por indicação de Dito Espinheira, “produtor, amigo e irmão”, como Ivete o define. Amigos desde a adolescência, Dito, que emprestava o carro para que Ivete vendesse as marmitas preparadas pela mãe, assim que ficou viúva, também conseguiu a vaga, já que era gerente de uma loja bem em frente à boutique na época. E a baiana aproveitou a oportunidade para vender as receitas da mãe no centro comercial.

Ivete também aproveitava o movimento do local para convidar os clientes para suas apresentações em bares noturnos soteropolitanos. Foi assim que acabou sendo descoberta e logo após recebeu o convite para entrar na famosa Banda Eva, onde ganhou o Brasil e encontrou seu caminho, cativando fãs e aprendendo nuances de shows. “Dito guarda a minha vida, a da minha família, a de meus filhos, de todo mundo. Ave Maria!”, derrete-se ao amigo, que é padrinho de Marcelo Cady, filho de 14 anos da cantora com o marido, Daniel Cady, com quem está casada há 16 anos.

Aliás, cuidar da família foi uma das principais exigências assim que resolveu tomar conta da própria carreira, por meio da empresa Iessi Music Entertainment, gerenciada pela irmã Cynthia Sangalo, apontada pela cantora como “uma das mulheres mais importantes” da vida dela. Isso porque a baiana tenta equilibrar a carreira com a prioridade de criar um ambiente familiar amoroso, espelhando sua própria infância, que ocorreu em Juazeiro, na Bahia.

Em declarações recentes, Ivete diz que decidiu mudar o ritmo de vida em relação ao marido e aos filhos após o nascimento do primogênito (além dele, a cantora tem as gêmeas Marina e Helena, de cinco anos). “Como ele era o primeiro, carreguei pra muito canto. Depois que estava tudo organizado, eu fazia o show e voltava [para casa], de bate e volta. E aí, nessa coisa com ele, eu chegava de madrugada, pertinho da hora dele acordar. Eu tomava um banho, botava uma camisola e deitava. Ele achava que eu estava acordando com ele”, comentou durante o podcast.

Com a chegada das gêmeas, Ivete também equaciona o tempo entre a vida profissional e as funções maternais e tenta dividir as responsabilidades diárias com o marido, por mais que o cansaço muitas vezes fale mais alto. Baterista talentoso, o mais velho viaja pelo País, por vezes, para acompanhar a mãe nos shows.

O espírita Divaldo Franco, por quem a cantora tem uma grande admiração, chegou a dizer que Ivete e a sua família teriam “a mesma bola de luz”. “Então, assim, é como se a gente fosse um planeta, que a gente fosse um satélite, que se conecta formando aquela galáxia nossa, esse sistema nosso. Marcelo e as meninas são do meu sistema. Eles são parte de mim, eu sou parte deles”, derrete-se.

Talento de multifaces

No auge de sua carreira, aos 51 anos, Ivete celebra três décadas de carreira e mostra que, além de seu notável caminho musical, a artista brilhou nos holofotes da televisão, cinema e dublagem. Comandou programas como Pipoca da Ivete, The Masked Singer, Estação Globo e Superbonita, apenas como exemplo, e desempenhou papéis em filmes e novelas.

No palco, Ivete brilhou ao lado de lendas da música, incluindo Stevie Wonder, Luis Fonsi, Shakira, e muitos outros. As turnês internacionais expandiram seu alcance global, sendo a única artista estrangeira a se apresentar em todas as edições do Rock in Rio Lisboa, em Portugal, e também no Rock in Rio Las Vegas.

A fama trouxe desafios, mas Ivete perseverou, enfrentando uma agenda pesada de trinta shows por mês, mantendo-se firme em sua jornada, consciente de que desistir não era uma opção. Seu gráfico imaginário de altos e baixos moldou sua resiliência, tornando-a não apenas uma estrela, mas um farol para futuras gerações. “Daqui eu não saio. Eu amo o agora e daqui é só para o infinito”, diz. A carreira de Ivete é mais do que uma ascensão meteórica; é uma jornada de autodescoberta, resistência e conexão inabalável com o público, que continua a aplaudir e celebrar cada nota que emana.

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