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Recluso, Bolsonaro não deve ir à cúpula do G20

**Recluso** no Palácio da Alvorada desde a derrota na eleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) não tem, até agora, presença prevista nas reuniões de cúpula do G20. Se não viajar, de fato, a Bali, a participação brasileira no evento, já bastante **esvaziada** por se tratar de um governo em seus últimos dias, deve perder ainda mais em importância.

Salvo mudança de plano de última hora, **o Brasil será representado pelo ministro de Relações Exteriores, Carlos França**. Especialistas em relações internacionais esperam uma atuação discreta do chanceler.

**Estrategista-chefe do Voiter, Roberto Dumas** diz que, com a troca de governo, espera-se um retorno do Brasil às relações multilaterais, com o País apresentando ao mundo uma aguardada nova agenda ambiental. “_O Brasil voltou ao cenário internacional Não significa que é um protagonista, mas que agora tem muito mais a dizer, principalmente em relação ao meio ambiente._”

**Metas do G20**

Diante do quadro de guerra na Ucrânia, **inflação em níveis históricos nos países ricos**, crise energética na Europa e, por fim, risco de recessão global, os chefes de Estado do G20, como é chamado o grupo das 20 maiores economias do mundo, voltam a se encontrar nesta semana em Bali, na Indonésia. O desafio será pavimentar, sob bases socioambientalmente sustentáveis, a recuperação de um mundo que ainda sofre para **se recuperar dos estragos da pandemia**.

Só que, com as divergências entre as maiores potências do grupo em torno do conflito no Leste Europeu, nada garante que, desta vez, haverá **consenso** na redação de um documento final. **Os últimos encontros terminaram sem comunicado formal do grupo**.

O presidente russo, Vladimir Putin, enviará seu ministro de relações exteriores, Sergei Lavrov. Contando com o apoio da China e a neutralidade de emergentes como Índia, África do Sul e o próprio Brasil, **caberá ao chanceler a missão de frear a confecção de um documento que represente uma condenação categórica do grupo à invasão de tropas russas na Ucrânia**.

**Agenda**

Especialistas em relações internacionais veem espaço para **avanços na agenda ambiental**, com os compromissos assumidos na conferência do clima da ONU ecoando nas reuniões do G20. Também há chance de maior acordo entre os países em torno da **recuperação econômica**, do combate à inflação, da reestruturação de cadeias produtivas e dos acordos comerciais.

“_Por outro lado, é improvável que o tema mais relevante, ou seja, a guerra na Ucrânia, seja tratado a partir de algum tipo de consenso_”, diz **Vinícius Müller, professor de Economia da Eseg, faculdade do Grupo Etapa**. “_Mesmo que haja uma convergência entre França, Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e Japão, o mesmo não deve ocorrer com a Índia e a China, que tendem a adotar posições mais cautelosas em relação a qualquer tipo de condenação à Rússia._”

**Economista e doutor em relações internacionais pela Universidade de Lisboa, Igor Lucena** diz que a perspectiva de a guerra avançar nos próximos dias torna mais difícil um alinhamento entre os membros do G20.

A segurança alimentar, dado o risco de uma **crise de alimentos** já no ano que vem, a vulnerabilidade energética da Europa, que busca fontes de energia substitutas ao gás russo, e a digitalização das economias estão entre os assuntos que mais devem **pautar as reuniões** entre chefes de Estado na terça e na quarta-feira, os dias da cúpula. Há expectativa de o fortalecimento de **acordos globais de comércio** ser defendido por China e União Europeia.

Preocupações com a **instabilidade na geopolítica** também podem estimular debates envolvendo a entrada de Suécia e Finlândia na Otan, a organização militar do Ocidente, bem como as tensões entre China e Taiwan.

Num **esforço para estreitar as relações**, os presidentes dos EUA, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, terão na segunda-feira, véspera da cúpula do G20, uma reunião bilateral. Será o primeiro encontro presencial entre os dois líderes desde que Biden assumiu o posto.

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