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Reciprocidade pode prejudicar o Brasil? Veja o que dizem especialistas

Analistas apontam estratégias para o Brasil lidar com Trump após definição do tarifaço

Enquanto autoridades calculam os possíveis prejuízos da Lei da Reciprocidade, especialistas especulam nos bastidores de Brasília que não bastarão senadores ou governadores unidos para sanar a tensão diplomática com viés político, e que empresários terão que entrar no protagonismo para que seja possível superar o impasse político para iniciar uma relação razoável, após a aplicação do tarifaço de 50%.

 

Alternativas do Brasil

Lia Valls, pesquisadora associada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e professora de Economia da Universidade Estadual do Rio de janeiro (UERJ), avalia que o governo brasileiro está seguindo os caminhos possíveis para a negociação, mas que o contato com o país norte-americano está difícil.

“Estratégias de negociação é assim, é você tentar. O governo está tentando pelos canais, até os setores empresariais também que tem interesse, não só os brasileiros, mas os setores empresariais americanos também”, afirmou a pesquisadora da UERJ.

A professora UERJ destaca que alguns dos produtos que o Brasil exporta são específicos para multinacionais americanas, o que pode complicar a situação brasileira. Segundo  dificuldade de comunicação tem sido comentada até por Lula. Na última quinta-feira (24), o presidente afirmou que Trump “não quer conversar” sobre as tarifas e que o presidente norte-americano quiser negociar, o Brasil está pronto para fazê-lo.

“Não tem mais o que é possível fazer, é sentar na mesa e ver qual é o espaço que existe. A impressão que se tem é que está parecendo que está difícil, são difíceis esses espaços”, disse Valls.

Na última sexta-feira (25), o ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil e advogado especializado em comércio internacional, Welber Barral, disse em entrevista à GloboNews que Trump tem usado a instabilidade como estratégia de negociação e que o Brasil está em uma “situação muito complexa”.

“O Trump tem usado a instabilidade como estratégia de negociação, coloca prazos muito curtos e demandas muito altas sobre a mesa e a partir daí negocia genericamente alguns acessos para que ele possa dizer que teve resultados muito positivos para os Estados Unidos”, disse

Desde o anúncio, o governo brasileiro tem estudado medidas de como responder e formas de negociar a diminuição das tarifas. Um dos caminhos apontados por Lula é responder ao aumento de tarifas com base na Lei da Reciprocidade Econômica.  Ao falar sobre a possibilidade do Brasil retaliar, Lia Valls afirma que a medida pode acabar prejudicando o Brasil.

“Para o Brasil é complicado fazer isso, acho que eles falam, mas ninguém tá pensando seriamente. Primeiro que a participação do Brasil nas importações americanas é muito pequena. Quem acabava sendo mais prejudicado seria o próprio Brasil”, avaliou.

 

Decreto

O decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade foi publicado por Lula no dia 15 de julho. A lei foi aprovada pelo Congresso Nacional em abril deste ano. Antes da lei, não havia um arcabouço que permitisse ao governo retaliar outro país por medidas dessa natureza — somente recurso à Organização Mundial do Comércio (OMC).

No documento, foram estabelecidos procedimentos para que o Brasil possa suspender “concessões comerciais, de investimentos e obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual em resposta a ações unilaterais de países ou blocos econômicos que afetem negativamente a sua competitividade internacional”.

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Edição 42

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