Os deputados federais Kim Kataguiri (União-SP) e Célia Xakriabá (PSol-MG) protagonizaram um verdadeiro bate-boca durante a sessão da Câmara desinçada à análise do projeto de lei que altera o licenciamento ambiental, na madrugada desta quinta-feira (17).
O embate começou após Kataguiri acusar opositores da proposta de agirem por interesses financeiros. “Agora eu quero falar aqui para esse Plenário qual é a verdadeira razão de ter tanta oposição para o direito do licenciamento ambiental: é dinheiro, é grana, é esquema”, disse.
A declaração provocou reação da base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Casa, contrária à medida. Na ocasião, Xakriabá o provocou, chamando-o de “deputado estrangeiro”.
A deputada ainda disse que Kataguiri “não sabe da história” e que deveria se calar, ressaltando que ele deveria pedir desculpas aos povos indígenas. Seu microfone foi interrompido por conta do tempo. Em seguida, o deputado paulista comparou a parlamentar a um “pavão”, por estar utilizando um cocar com penas do animal.
O clima piorou quando o deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS) chamou a colega de “pavão misterioso”, sugerindo até que o licenciamento ambiental seria necessário até para abater um animal como aquele.
Célia Xakriabá pediu direito de resposta ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), e afirmou:
“Atacar uma mulher indígena pelo que se veste […] é um racismo televisionado daqui”. No entanto, seu microfone foi novamente silenciado. Ela continuou falando, mesmo inaudível, acompanhada de aplausos dos opositores, e a Polícia Legislativa foi chamada para conter a situação.
Apesar do tumulto, o projeto de lei que altera as regras do licenciamento ambiental foi aprovado no fim da sessão, com 267 votos a favor e 116 contra.