Refletindo uma tendência global de valorização da equidade de gênero em fóruns multilaterais, as mulheres vêm sendo reconhecidas cada vez mais pela conquista de espaço e por uma atuação de grande relevância em diferentes universos. Na mesma onda, a participação de brasileiras inseridas na economia digital e na pesquisa científica avançou significativamente entre os países do Brics.
Essa realidade é provada no Relatório de Desenvolvimento das Mulheres do Brics 2025, elaborado pela Brics Women’s Business Alliance (WBA), apresentado durante o Fórum Empresarial do Brics, no Rio de Janeiro. O documento traça um panorama atualizado sobre a situação das mulheres nos países do bloco, com dados sobre educação, saúde, ciência, inovação e participação econômica.
Mônica Monteiro, a global chairperson do Women Business Alliance (WBA), do Brics, presidente do Fórum Industrial da Mulher Empresária na Confederação Nacional da Indústria (CNI), afirma que a presença crescente das mulheres na economia digital e na ciência é um indicativo claro de que a inclusão de gênero deve ser prioridade nas agendas de inovação.
“O relatório do Brics mostra que investir em políticas que ampliem o acesso feminino a setores estratégicos é não apenas uma questão de justiça social, mas uma decisão inteligente para o desenvolvimento sustentável dos países”, destaca Mônica.
No mercado de trabalho, políticas como a Lei da Igualdade Salarial e o programa Emprega+Mulheres começam a dar resultados. A taxa de ocupação feminina se recuperou da queda provocada pela pandemia, atingindo 53,1% em 2023. Ainda assim, a disparidade persiste: as mulheres brasileiras recebem, em média, 19,4% a menos que os homens, diferença que sobe para 25,2% em cargos de gestão.
Ainda que o País apresente avanços expressivos em educação, saúde e inovação, além do fortalecimento de uma política de proteção aos direitos das mulheres, ainda ficamos para trás em outras questões, como na Educação, onde Emirados Árabes Unidos da Rússia (89,1%) e da China passaram na frente.
Na área da Saúde, o relatório destaca progressos, sobretudo na redução de mortes em crianças, mas alerta para a necessidade de aprimorar a prevenção e o tratamento para doenças em idosas, com o aumento da expectativa de vida. Os Emirados Árabes lideram este ranking, com média de 84,2 anos, seguido por China (80,9 anos) e Irã (79,6 anos). O Brasil tem a 4ª maior expectativa de vida para mulheres no bloco, com 78,9 anos.
Já no mercado de trabalho, a participação feminina é expressiva, com destaque para a China (59,9%), Etiópia (57,4%), Rússia (55,2%) e Brasil (53,2%), respectivamente.
Por fim, o documento traz recomendações para fortalecer a participação feminina nos setores de ciência, tecnologia e inovação. Entre as propostas estão a revisão de currículos escolares com perspectiva de gênero, a capacitação de professores e o estímulo à entrada de meninas em áreas como ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM).