A defesa do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) rechaçou, nesta terça-feira (2), ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) tenha utilizado a estrutura do órgão para articular o suposto plano golpista, conforme defendido pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
O advogado de Ramagem, Paulo Cintra, negou que o cliente tenha monitorado autoridades, incluindo o Ministro Alexandre de Moraes. Além disso, o defensor argumentou que o deputado não integrava mais o governo federal à época do fato e, portanto, não teria como atuar no núcleo crucial da suposta trama golpista.
Ele também negou que o ex-diretor da Abin tenha auxiliado na elaboração da mensagem em descrédito às urnas eletrônicas, alegando que os trechos tratavam exclusivamente de falas públicas do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Alexandre Ramagem não atuou para orientar o então presidente da República, não era um ensaísta do ex-presidente. Ramagem compilava pensamentos do presidente da República”, disse o advogado de Ramagem, Paulo Cintra.
De acordo com a Polícia Federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) era o maior interessado nas investigações clandestinas orquestradas pela “Abin Paralela”, chefiada por Ramagem. A corporação acusa o ex-diretor da agência de coordenar esquema de monitoramento e espionagem de autoridades e figuras públicas consideradas desafetos do ex-mandatário do País.
Na ocasião, Ramagem teria utilizado o sistema de monitoramento FirstMile de forma irregular, acessando dados de localização de dispositivos móveis sem justificativa legal. O software desenvolvido pela empresa israelense Cognyte utiliza geolocalização para rastrear celulares por meio das redes 2G, 3G e 4G apenas com a inserção do número de telefone. O sistema foi adquirido pela Abin em 2018 por aproximadamente R$ 5,7 milhões e permitia a visualização em um mapa da última posição conhecida do contato.