Juliana Eichler Apesar do avanço da tecnologia e da automação, as chamadas habilidades comportamentais seguem sendo determinantes para garantir não apenas a permanência, mas também o sucesso no mercado de trabalho. De acordo com um estudo realizado pela PUCPR Carreiras, no último ano, 50% dos desligamentos nas empresas foram causados por questões ligadas ao comportamento, seguido da automação das atividades (25%) e da redução de custos e cortes de despesas (25%).
Segundo a coordenadora do programa, Luciana Mariano, o sucesso está cada vez mais pautado na combinação entre saber fazer e saber conviver. “O mercado valoriza profissionais que unem competência técnica e habilidades para uma boa convivência”, explica.
Para Francisco Coelho Júnior, professor do departamento de Administração da Universidade de Brasília e especialista em gestão de pessoas, diferenças no perfil geracional têm provocado impacto significativo nas relações humanas e sociais. “Gerenciar a diversidade vem sendo considerado um dos principais desafios da gestão organizacional contemporânea”, destaca.
Ele explica que competências técnicas, associadas ao desempenho e resultados de trabalho, são tão relevantes e essenciais como as competências profissionais comportamentais, em que a postura e o perfil do profissional influenciam em suas ações no trabalho. Ainda, ressalta que muitos conflitos têm acontecido exatamente por dificuldades em se gerenciar diferenças de perfil nas equipes de trabalho.
“Há gerações menos resilientes, outras mais, há gerações menos tecnológicas, outras mais, demonstrando que as lideranças têm que ser continuamente capacitadas para lidar, e resolver, estas idiossincrasias”, afirma.
Porém, além de habilidades técnicas, como dominar ferramentas ou processos, é preciso desenvolver outros aspectos, como inteligência emocional, empatia, respeito e responsabilidade nas relações.
Segundo o Fórum Econômico Mundial, alguns desses aspectos são: pensamento analítico, para avaliar informações e tomar decisões; resiliência, flexibilidade e agilidade, para lidar com mudanças; liderança e influência social, para mobilizar pessoas em torno de objetivos; e curiosidade e aprendizado contínuo, para buscar novos conhecimentos.
“Competências comportamentais são muito valiosas, e valorizadas, hoje em dia. Ter capacidade de adaptação contínua, resiliência, resistência à frustração, saber ouvir e comunicar-se, com empatia, são comportamentos e competências sócio emocionais imprescindíveis nos dias atuais”, acredita Francisco.
Em 2024, as habilidades mais valorizadas foram: comunicação oral (11,46%), planejamento (10,73%), solução de problemas (10,18%), gestão de conflitos (7,51%) e comunicação escrita (7,42%). Em comparação com 2021, período em que as empresas lidavam diretamente com os efeitos da pandemia, observa-se uma mudança nas prioridades. Na época, as habilidades ligadas à solução de problemas (12,58%) ocupavam o topo da lista.
O estudo revela, ainda, que o mercado de trabalho também está atento aos profissionais com domínio da tecnologia e que conseguem ter um pensamento estratégico e tomar decisões baseadas em dados. Ferramentas de automação, análise de dados, inteligência artificial, plataformas de colaboração online, softwares de BI e gestão de projetos se destacam nesse cenário.
A busca por conhecimento contínuo, também conhecido como lifelong learning, se tornou uma necessidade para os profissionais se adaptarem às novas funções do mercado. A pesquisa do PUCPR Carreiras mostrou que 76% dos respondentes estão investindo na aquisição de novos conhecimentos, o que demonstra uma postura proativa, para evitar a estagnação e fortalecer a empregabilidade. Além disso, 16,32% das empresas entrevistadas priorizam aqueles que demonstram interesse genuíno em se atualizar.
O estudo completo está disponível aqui.
