O Governo do Distrito Federal assinou o protocolo de cooperação Qualifica Mulher, para fomentar a capacitação e acesso ao crédito para as empreendedoras. A iniciativa reúne o Conselho Nacional da Mulher Empreendedora da Mulher (CMEC), as secretarias de Fazenda e da Mulher e o Banco de Brasília (BRB).
A presidente nacional do CMEC, Ana Cláudia Badra Cotait, tem centrado forças em criar condições para que as mulheres tenham maior participação dentro das associações comerciais de todo o Brasil. De volta a Brasília, sua cidade natal, ela comemora a união de forças. “Voltar a Brasília com um projeto tão importante tem um significado enorme. Com essa força que já temos no estado de São Paulo e criando no Brasil inteiro, trazer a Brasília o CMEC, junto de instituições importantes, é uma das minhas maiores realizações”, comemora.
Estiveram presentes na assinatura do acordo a deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania-DF), a deputada federal Bia Kicis (PL-DF), a secretária de estado da Mulher do DF, Giselle Ferreira, a superintendente do Sebrae-DF, Rose Rainha, o presidente do Sebrae Nacional, Carlos Melles, e o presidente da CACB, Alfredo Cotait.
Empreendedorismo
Depois de uma carreira como servidora pública do Senado Federal, Ana Cláudia Badra se dedica a fomentar o empreendedorismo feminino. Até agora, a missão está dando certo, já que mais de 500 conselhos de Mulheres Empreendedoras e Cultura (CMECs) foram abertos em todo o Brasil. E ela quer mais. O objetivo é ter mais de 1.200 conselhos até o fim do ano e ultrapassar o total de 2.200 em 2025.
Os CMECs são um espaço de debate para pensar e eleger iniciativas que possam facilitar a vida das empreendedoras. É destinado às conveniadas das associações comerciais, mas também atrai o público externo, que se beneficia das ações conduzidas pelas entidades.
Após se aposentar, ela recebeu uma missão importante do marido, o ex-senador e presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), Alfredo Cotait Neto. Até então, existia um trabalho voltado às mulheres dentro das associações comerciais, mas em um modelo de assistencialismo, o que não agradou Ana Cláudia. “Ele me disse que, se não fosse eu a assumir, ele acabaria com os conselhos de mulheres empreendedoras”, relembra. A condição dada foi reformular o trabalho e introduzir ações para atender, de fato, às empreendedoras.
De forma voluntária, Ana Cláudia passou a se dedicar à incumbência de incluir as mulheres nas associações comerciais. “São ambientes muito machistas, liderados por homens. Sempre foram assim”, revela. Assim, sem temer represálias, ela decidiu enfrentar de frente o problema. “Coloquei o dedo na ferida”, admite.
Machismo
Em reuniões com autoridades, a presidente ainda escuta comentários indesejáveis, mas não tem medo de fazer o contraponto. “Um sujeito bastante conhecido disse que era contra a igualdade de salários entre homens e mulheres. Muitas vezes dizem coisas como “nossa, agora as mulheres querem liderar tudo”, de forma irônica”.
Romper o ciclo de preconceito é parte do processo para trazer as mulheres para dentro das associações comerciais. Com parcerias com os governos locais, o Sebrae e as instituições bancárias, é possível desenvolver ações de capacitação, linhas de crédito e negociações de dívidas.
Outros resultados da atuação de Ana Cláudia são as leis estaduais já aprovadas em São Paulo. Uma delas é a distribuição gratuita de absorventes em escolas, para evitar a evasão escolar de meninas. A segunda iniciativa que a empreendedora se orgulha é o Dia do Florescer da Autoestima da Mulher. Segundo a presidente nacional do CMEC, são propostas que podem ser replicadas em todo o Brasil, para criar melhores condições para as mulheres terem protagonismo.
“Muitas delas sofrem prejuízos porque deixam a parte financeira dos negócios nas mãos dos companheiros. Mesmo que ela chame um homem para dentro da própria empresa, ela tem que entender de gestão, tem que se capacitar e entender todos os aspectos da gestão”, opina.
A educação financeira é um dos pilares para que as mulheres sejam donas do próprio destino. Além das linhas de crédito com juros baixos, Ana Cláudia Badra Cotait defende que sejam feitos programas de refinanciamento de dívidas, os chamados Refis, exclusivamente para as mulheres. “Você imagina o impacto que isso teria na vida das famílias, já que boa parte delas sustentam a casa. Eu pessoalmente posso falar por isso, já que criei meu filho sozinha”.