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Putin envia chanceler ao Brasil em 1ª viagem desde o início da guerra

Serguei Lavrov, um dos homens fortes do regime russo, chegou ao País acompanhado de 18 seguranças.

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, despachou para Brasília o chanceler Serguei Lavrov, que participará de reuniões no mais alto nível político, as primeiras desde a invasão da Ucrânia, em fevereiro do ano passado. O longevo chanceler russo, há 19 anos no cargo, desembarcou no País nesta segunda-feira, 17 A visita do ministro das Relações Exteriores da Rússia, homem de confiança de Putin, ocorre sob olhar desconfiado de alguns dos principais parceiros do Brasil no Ocidente, como os Estados Unidos e potências da União Europeia.

 

A vinda de Lavrov é a principal de um enviado de Putin desde o início da guerra. Em 2022, o governo Jair Bolsonaro chegou a suspender uma visita ao Brasil do primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, que estava prevista para abril, e uma reunião bilateral. A viagem, agora, será também a primeira de Lavrov ao País desde 2019, ano em que o próprio Putin esteve em Brasília, na cúpula dos BRICS.

 

Lavrov chegou horas depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter voltado da viagem à Ásia. Os dois devem se encontrar no Palácio do Planalto. O programa prevê uma reunião com o ministro Mauro Vieira no Itamaraty e declaração à imprensa. A visita foi acertada durante encontro prévio de ambos à margem do G20, na Índia, em fevereiro. Além das discussões sobre a guerra, o Itamaraty diz que o encontro tem como objetivos tratar da “parceria estratégica brasileiro-russa” e de oportunidades de cooperação bilateral em diferentes áreas, além de fortalecer o diálogo político.

 

A visita também será ocasião para tratar do conflito na Ucrânia O Brasil tem defendido, nos foros internacionais e em contatos bilaterais, a cessação imediata de hostilidades e a importância de conjugar esforços diplomáticos que facilitem o alcance de solução pacífica negociada“, disse o Itamaraty, em nota sobre a chegada de Lavrov.

 

Retórica

 

Depois da visita de Estado à China, vista como um país aliado à Rússia no momento, Lula adotou retórica compreendida em Washington e Bruxelas como cada vez mais amena e favorável aos russos, além de alinhada a Pequim. A China é hoje o principal adversário dos EUA, numa disputa de influência geopolítica e econômica. A viagem de Lula foi seguida com atenção pelo governo Joe Biden, assim como ocorrerá com a visita de Lavrov a Brasília

 

Durante o último giro internacional, que incluiu uma parada nos Emirados Árabes Unidos, Lula disse que a guerra na Ucrânia havia sido uma decisão tomada por dois países“, quando resultou de uma invasão russa ao território ucraniano. A alegação principal do governo Putin era que Kiev planejava integrar a Otan, aliança militar ocidental, o que significaria uma ameaça concreta à Rússia.

 

As declarações de Lula têm colocado os dois países no mesmo patamar de responsabilidade, embora a guerra tenha se iniciado com uma agressão unilateral das Forças Armadas de Moscou. Por isso mesmo, esse argumento não encontra respaldo nas principais democracias ocidentais.

 

A visita de Lavrov ocorre na sequência de uma viagem a Moscou do ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial de Lula. Na ocasião, Amorim foi recebido por Putin com deferência no Kremlin e discutiu questões como a proposta brasileira para a guerra e o fornecimento de fertilizantes. Putin convidou Lula a visitar Moscou. O presidente brasileiro também tem um convite similar de Zelenski.

 

Apesar da guerra, a Rússia continua sendo o principal fornecedor de fertilizantes para o agronegócio brasileiro. O comércio bilateral chegou a US$ 9,8 bilhões no ano passado, uma cifra recorde.

 

Segurança total

 

O chanceler Serguei Lavrov chega ao Brasil com aparato de segurança equivalente ao de chefe de Estado. Pelo menos 18 agentes fazem parte da comitiva que desembarca na capital federal para proteger a autoridade russa.

 

A dimensão da equipe de segurança do chanceler se equivale, por exemplo, a aparato que escoltou o então presidente dos Estados Unidos Barack Obama em sua visita ao Brasil em 2011. Na época, as autoridades dos EUA destacaram 20 agentes para atuar na proteção do norte-americano.

 

Homem de confiança do presidente da Rússia, Vladimir Putin, Lavrov ocupa a posição de chanceler há 19 anos. A informação sobre o contingente de segurança da autoridade estrangeira é comunicada previamente ao governo federal. No Brasil, além da equipe própria de agentes, as autoridades estrangeiras podem ter sua segurança reforçada por integrantes da Polícia Federal que mantém uma equipe de proteção a “dignatários“. O tamanho da equipe é vinculado aos riscos pontenciais avaliados pela PF em relação à autoridade.