O presidente russo, Vladimir Putin, se dirigiu à nação neste sábado (24) e prometeu defender o país e seu povo da rebelião armada declarada pelo líder mercenário Ievgeni Prigozhin do grupo Wagner. Putin também disse que rebelião é uma “punhalada nas costas” e prometeu “ações decisivas” para punir os “traidores“.
Em discurso de cinco minutos à nação, Putin disse que as funções militares e civis da cidade haviam sido “essencialmente bloqueadas“, parecendo reconhecer algum sucesso do Prigozhin, que na manhã de sábado reivindicou o controle de partes do quartel-general militar do sul das Forças Armadas russas.
Putin disse que o motim representava “uma ameaça mortal à nossa condição de Estado” e prometeu “ações duras” em resposta. “Todos aqueles que prepararam a rebelião sofrerão uma punição inevitável. As forças armadas e outras agências governamentais receberam as ordens necessárias”, disse Putin.
Ele chamou as ações de Prigozhin, sem se referir ao proprietário da empresa militar privada Wagner pelo nome, de “traidor” e afirmou que “aqueles que estão sendo arrastados para esse crime não cometam um erro fatal, trágico e único, e façam a única escolha certa – pare de participar de atos criminosos“.
Putin condenou a rebelião no que disse ser um momento em que a Rússia estava “travando a mais dura batalha pelo seu futuro” com sua guerra na Ucrânia. “Toda a máquina militar, econômica e de informação do Ocidente está sendo usada contra nós“, disse Putin.
“Aqueles que planejaram e organizaram uma rebelião armada, que levantaram armas contra seus companheiros de armas, traíram a Rússia. E eles responderão por isso“, disse Putin.
Em resposta. Priogozhin disse que Putin está “profundamente enganado” e que seus combatentes não irão se entregar.
O conflito que se desenrola nas ruas das cidades russas é uma reviravolta dramática para a guerra de Putin, parecendo configurar o maior desafio à sua autoridade desde a invasão.
Os governadores das regiões ao longo da principal rodovia M-4, que liga Rostov-on-Don a Moscou, disseram que equipamentos militares estavam sendo transportados pela rodovia e pediram aos moradores locais que ficassem longe do corredor.
“Estamos bloqueando a cidade de Rostov e indo para Moscou”, diz Prigozhin em um vídeo que veio à tona na madrugada de sábado, verificado pelo The New York Times, mostrando-o na companhia de homens armados no pátio do quartel-general, perguntando pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas russas e pelo ministro da Defesa russo, Sergei K. Shoigu.
Prigozhin declarou que, enquanto Wagner “não tiver o chefe do Estado-Maior russo, Valery Gerasimov, e o ministro da Defesa, Sergey Shoigu, em seu poder, seus mercenários bloquearão a cidade de Rostov” e “avançarão em direção a Moscou”.
Um assessor do presidente ucraniano Volodmir Zelenski disse no sábado que a crise causada pela rebelião do grupo paramilitar Wagner na Rússia está apenas começando.
O chefe do Grupo Wagner, Ievgeni Prigozhin, respondeu ao apelo do presidente Vladimir Putin por unidade e fim do que ele chamou de “uma rebelião armada”. Ele afirmou que o grupo não irá recuar ou confessar qualquer culpa.
Entenda o caso
Prigozhin, cuja empresa militar privada ajudou a Rússia a tomar a cidade ucraniana de Bakhmut, o único ganho territorial significativo de Moscou este ano, acusou os militares russos na sexta-feira (23) de realizar um ataque a um campo de Wagner e pareceu ameaçar Shoigu, declarando: “Essa escória vai ser detida!“
Em uma rara declaração no final da noite, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o presidente Vladimir Putin havia sido informado sobre a situação e que “todas as medidas necessárias” estavam sendo tomadas.