A crise interna no Partido da Social Democracia Brasileira do Distrito Federal (PSDB-DF) ganhou novos contornos nesta quinta-feira (22), quando a direção nacional do partido acusou o senador Izalci Lucas de “infidelidade” após sua desfiliação e migração para o Partido Liberal (PL). A saída do senador, que comandou o PSDB-DF por vários anos, desencadeou uma série de tensões, culminando em um pedido de intervenção no diretório distrital por parte de três filiados locais.
A nota oficial, enviada pela direção nacional do PSDB, questionou a postura do senador, lembrando que ele havia sido eleito em 2018 com recursos do Fundo Eleitoral do partido e que também concorreu ao cargo de governador do Distrito Federal em 2022, novamente financiado pela legenda.
“O PSDB é um partido que respeita a democracia e não aceita práticas de ingerência de ex-filiados em órgãos partidários, com o objetivo de manter o controle à distância por intermédio de funcionários, parentes ou amigos”, destacou o comunicado.
Após a saída de Izalci, quem assumiu o comando regional do partido foi seu filho, Sérgio Izalci, eleito presidente do PSDB-DF em uma eleição interna que contou com a participação de mais de mil filiados. No entanto, a transição de liderança gerou controvérsias dentro da legenda, com especulações de que o partido poderia ser entregue ao atual secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Avelar, para que ele concorra a algum cargo nas próximas eleições distritais.
“Causa estranheza a manifestação do presidente do PSDB-DF que, ao exercer seu direito constitucional e democrático do contraditório e ampla defesa, passou a proferir acusações de atos antidemocráticos e autoritários. Diferentemente da ação infiel do senador Izalci que deixou o PSDB após ter sido eleito em 2018 com recursos do Fundo Eleitoral do PSDB e disputar o cargo de governador do Distrito Federal em 2022, também financiado com os recursos do PSDB, o Partido se mantém leal à democracia. Aliás, é de se registrar que o PSDB não é legenda de aluguel!”, destaca trecho da nota.
“A democracia não se restringe simplesmente a ser eleito, mas se estende a como se é eleito e, ainda, a legitimidade, ética e moral no processo de escolha daqueles que foram eleitos. O respeito à democracia está plasmado no estatuto do PSDB, que estabelece normas e regras para corrigir abusos e repelir a ingerência de agentes estranhos ao quadro partidário que tentem manipular seus órgãos de direção em detrimento do exercício democrático participativo dos seus filiados”, continuou a direção nacional da sigla.
Intervenção
Em resposta às críticas e à possibilidade de intervenção, Sérgio Izalci se pronunciou por meio de um vídeo divulgado nas redes sociais, onde defendeu a legitimidade de sua eleição e criticou qualquer tentativa de ação autoritária por parte da direção nacional. “Nós não aceitaremos qualquer tipo de gesto autoritário, antidemocrático, contra os nossos filiados do PSDB do Distrito Federal. Temos que respeitar as eleições que foram feitas seguindo o Estatuto, seguindo todos os ritos democráticos e previstos pelo PSDB nacional”, declarou.
O presidente regional do PSDB-DF ainda fez uma comparação com a situação política da Venezuela, afirmando que “não temos no PSDB um Nicolás Maduro, um ditador, para resolver as coisas no partido com uma canetada”. Ele enfatizou que seu mandato se estende até 2025 e que qualquer interferência seria uma afronta aos princípios democráticos que o partido afirma defender.
Por fim, Sérgio Izalci deixou claro que novas lideranças são bem-vindas ao PSDB, desde que respeitem a democracia interna e os votos dos filiados. “Quem quiser se filiar ao PSDB e quiser disputar as eleições que estão previstas para o ano que vem, podem vir, serão muito bem-vindos, mas teremos que respeitar a democracia, o voto democrático do filiado do PSDB”, concluiu.