Já imaginou entrar em seu carro após uma festa, e ele não ligar porque detectou álcool no ambiente? Essa é uma das propostas do projeto desenvolvido pelo professor Ramon Andrade, juntamente com seus alunos, que visa reduzir o número de acidentes de trânsito causados pelo uso do álcool.
A iniciativa foi influenciada por um dossiê alarmante feito pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), que traz à tona os efeitos da combinação do álcool com a direção no Brasil. Os dados revelam que, somente em 2021, mais de 10 mil mortes foram registradas devido a acidentes causados pelo consumo de álcool, o que equivale a uma média assustadora de 1,2 óbitos a cada hora.
Diante desse panorama, Ramon decidiu desenvolver, ao lado de seus com alunos do 3º ano do ensino médio do colégio Objetivo DF, um projeto que busca fabricar etilômetros, popularmente conhecidos como bafômetros.
“A nossa ideia é usar o mecanismo no veículo. Quando o condutor for flagrado, o equipamento só irá permitir que o veículo ligue se o nosso etilômetro não captar álcool no ar em seu sensor, que pode ser instalado em qualquer lugar no veículo. Caso seja detectado, ele irá desligar o veículo e só irá retornar o funcionamento quando o sensor não detectar mais moléculas de álcool no ar”, explica.
O equipamento funcionaria de maneira similar aos bafômetros utilizados pelo Departamento de Trânsito (Detran), atualmente. Ele detecta as moléculas do álcool através de um sensor de gás, de maneira que os alunos pudessem comparar a precisão, tempo de reação e o sensor eletrônico com as medidas feitas a partir de reações químicas.
Duranta a Campus Party Brasília deste ano, o projeto foi apresentado por Ramon, visando uma parceria com o Detran, para que pudessem trabalhar em conjunto. O professor conta que não espera que seu mecanismo reinvente a maneira como os bafômetros são utilizados, mas que possa servir de apoio na educação dos condutores.
“Hoje, quando um motorista é flagrado sob influência do álcool e na direção de um veículo, este é recolhido, e o condutor preso ou detido para ser liberado mediante fiança, não há educação nesse processo”, declarou.
Os adolescentes envolvidos no projeto são responsáveis por montar esses equipamentos desde o início, proporcionando-lhes um profundo entendimento sobre o funcionamento do aparelho e, consequentemente, incentivando atitudes mais responsáveis no que diz respeito ao consumo de álcool e à direção.
“O desenvolvimento do trabalho se deu, em primeiro lugar, da observação que fiz com meus alunos sobre o aumento do consumo de álcool entre os jovens, principalmente após a pandemia e os relatos deles em sala quando abordamos o tema Alcoóis. Eles sempre tem aquelas curiosidades, então resolvi desenvolver o projeto com eles”, contou o professor.
Ramon conta que um dos objetivos é, também, conscientizar os pais quanto aos riscos de consumir álcool e dirigir. Os alunos, munidos de um desses equipamentos, podem alertar seus responsáveis, promovendo uma melhora na construção de cidadãos conscientes.
Ainda, o professor destacou que pretende estender o projeto a outros mecanismos, utilizando sensores mais precisos, que possam auxiliar na redução de pessoas alcoolizadas no volante. Essas melhorias poderiam ser utilizadas também na detecção de situações negligenciadas, como derrames e infartos que podem ocorrer ao volante.
