Fernanda Moura O argentino Jorge Mario Bergoglio sofria de uma doença pulmonar crônica e ficou internado por 38 dias devido a uma crise respiratória. Na manhã desta segunda-feira (21), o Vaticano confirmou a notícia de sua morte, aos 88 anos. Um dia depois de celebrar a Páscoa, o pontífice causou comoção mundial.
A eleição do cardeal como 266º papa, após a renúncia de Bento XVI, representou um ponto de virada na Igreja. Além de ter sido o primeiro papa latino-americano, foi o primeiro a adotar o título de Francisco, como uma homenagem ao santo padroeiro dos pobres.
Durante 12 anos à frente do Vaticano, o papa foi responsável por importantes mudanças. Segundo o especialista em Vaticano Filipe Domingues, Francisco “retomou o projeto de uma Igreja que fala para o mundo”.
Francisco quis reforçar a identidade original do papado, onde o papa é um sacerdote, um pastor, e não apenas um monarca. A decisão de residir na Casa Santa Marta, uma hospedaria no Vaticano, em vez do luxuoso Palácio Apostólico, foi o pontapé inicial para seguir nessa caminhada.
Ele gostava de estar perto do povo. O papa Francisco optou por andar em carros populares, com a janela aberta e no banco da frente. Desde quando morava em Buenos Aires, quando ele ainda era cardeal-arcebispo, era visto andando de transporte público.
O pontífice não deixou de enfrentar conflitos dentro da própria Igreja ao criticar o capitalismo e adotar uma postura de inclusão da comunidade LGBTQIAPN+. Muitos historiadores dizem que foi ele foi o responsável por mudar o posicionamento da Igreja do eurocentrismo para um mais universal.
Em 2018, Francisco alterou o Catecismo, documento que resume os ensinamentos da Igreja, para dizer que, a partir de então, “a pena de morte é inadmissível, porque atenta contra a inviolabilidade e dignidade da pessoa, e [a Igreja] se empenha com determinação a favor da sua abolição em todo o mundo”.
Como parte do seu legado, o papa colocou ainda mais os holofotes sob à questão da pedofilia entre os clérigos católicos, limitou o número de títulos honoríficos na instituição católica, criou a comissão de controle do Instituto para as Obras de Religião (IOR) e balancetes transparentes das contas da Santa Sé.
O papa se tornou uma referência para os encontros globais sobre o clima (COP) e, durante a pandemia da Covid-19, lembrou ao mundo que “somos todos irmãos”.
Agora, com a morte de Francisco, a Igreja entra em período de Sé Vacante. Caberá ao camerlengo, cardeal responsável pela administração dos bens e Tesouro do Vaticano, o governo temporário e a transição de poder.
