Arranhada, desgastada, manchada — a primeira Birkin da história, feita especialmente para Jane Birkin, foi vendida por €8,6 milhões (cerca de R$ 55,8 milhões), com taxas, e bateu o recorde de bolsa mais cara já leiloada. O lance vencedor foi de €7 milhões (R$ 45 milhões) segundo anunciou a casa de leilões Sotheby’s, responsável pela venda, nesta quinta-feira (10).
O modelo, utilizado pela atriz e cantora britânica quase diariamente entre 1985 e 1994, foi criado pela Hermès para atender a um pedido prático da artista, que buscava uma bolsa espaçosa. A peça histórica foi leiloada na última quinta-feira (4), em uma venda online da casa de leilões.
“O leilão da Birkin original representa um marco importante na história da moda e do luxo”, afirmou Morgane Halimi, diretora global de bolsas e acessórios da Sotheby’s, em comunicado. “É uma demonstração impressionante do poder de uma lenda e da sua capacidade de despertar paixão e desejo em colecionadores em busca de peças excepcionais com procedência única. A venda da Birkin original é também, em última instância, uma celebração do espírito duradouro e do apelo da sua musa, Jane Birkin.”

(Foto: Mike Daines/Shutterstock)
A Sotheby’s não divulgou estimativas antes da venda, mas os lances já ultrapassavam €1 milhão (R$ 6,4 milhões) nos dias anteriores ao encerramento. Durante a transmissão ao vivo do leilão, reações de espanto puderam ser ouvidas à medida que os valores subiam. A disputa envolveu nove colecionadores e durou cerca de dez minutos, até que um comprador privado do Japão levou a peça.
Mesmo sem os diamantes ou materiais exóticos que marcaram modelos recordistas anteriores, como a Diamond Himalaya Birkin, vendida por mais de US$450 mil (aproximadamente R$ 2,5 milhões) em 2022, o modelo original superou todos. A bolsa havia sido leiloada pela própria Jane Birkin em 1994 para arrecadar fundos para a pesquisa da AIDS e passou por diferentes proprietários desde então. Também foi exibida publicamente no MoMA, em Nova York, e no Victoria & Albert Museum, em Londres.
O exemplar leiloado traz detalhes únicos que o diferenciam das versões posteriores, como o tamanho, o tipo de ferragens, o uso de alça lateral e o monograma “J.B.” gravado na aba frontal. Preso à alça, um cortador de unhas de prata acessório que Birkin carregava consigo para manter as unhas sempre aparadas. A bolsa carrega ainda resquícios de sua rotina: manchas e adesivos colados de organizações como a UNICEF e Médecins du Monde.
Origem da Hermès Birkin
A ideia da bolsa surgiu em um voo entre Paris e Londres. Sentada ao lado de Jean-Louis Dumas, então presidente da Hermès, ela explicou que não encontrava uma bolsa grande o suficiente e esboçou um modelo improvisado em um saco de enjoo. A bolsa foi entregue a ela em 1985, com outras quatro ao longo da vida. Birkin recebia royalties pelo uso de seu nome, mas doava os valores anualmente a instituições de caridade.
“É incrível pensar que uma bolsa criada como acessório funcional para Jane Birkin tenha se tornado a mais desejada da história, e provavelmente continuará sendo por muitos anos”, declarou Halimi.

(Foto: Gilles Leimdorfer/AFP/Getty Images)
Em tom bem-humorado, Jane Birkin, que morreu em 2023, comentou em vida que seu nome ficaria eternamente ligado ao acessório, durante tma entrevista. “Quando eu morrer… (as pessoas) provavelmente só vão falar da bolsa”, disse à jornalista Christiane Amanpour.