Maria foi diagnosticada com depressão aos 18 anos, ainda durante a faculdade. Na época, os sintomas começaram a atrapalhar sua rotina e os seus estudos e ela decidiu procurar um psiquiatra para entender o que estava acontecendo e tratar. Felizmente, ela buscou ajuda precocemente e com acompanhamento profissional e o tratamento adequado recomendado pelo psiquiatra, sua qualidade de vida melhorou significativamente.
No entanto, como acontece com muitos pacientes, a vida trouxe mudanças e desafios inesperados. A rotina de Maria mudou e ela acabou interrompendo o tratamento. Com o tempo, os sintomas retornaram de forma silenciosa, porém intensa. Maria passou a sentir uma tristeza constante e perdeu o interesse por atividades que antes lhe davam prazer e mais preocupante ainda, ela começou a ter pensamentos de morte e vontade de morrer.
Esse é um padrão que infelizmente se repete em muitos casos. A interrupção do tratamento pode levar à piora do quadro, especialmente em doenças como a depressão e os impactos podem ser profundos. É por isso que o acompanhamento psiquiátrico contínuo e a adesão ao tratamento são tão importantes, mesmo nos momentos de melhora.
Felizmente, Maria tinha pessoas próximas que notaram que algo estava errado com seu comportamento e a encorajaram a buscar ajuda novamente. Ela procurou um psiquiatra e, em poucas semanas de retomada do tratamento, os pensamentos negativos desapareceram. Sua disposição e vontade de viver voltaram. Maria seguiu com acompanhamento contínuo, tratando a depressão e vivendo a vida com equilíbrio.
Hoje, dez anos após esse recomeço, Maria vive uma vida plena. Ela nunca mais teve pensamentos de morte e se tornou um exemplo de como o tratamento adequado pode salvar vidas. Sua história nos lembra que é possível sim viver bem, mesmo com um diagnóstico de depressão, desde que se busque ajuda especializada e faça o tratamento corretamente.
É importante sempre lembrar que praticamente todos os casos de suicídio têm relação com doenças mentais não diagnosticadas, não tratadas ou tratadas de forma inadequada. O suicídio, na maioria dos casos, é uma consequência de uma quadro que pode ser prevenido com o suporte correto.
Se você está passando por um momento difícil, sentindo que a vida perdeu o sentido, saiba que existe tratamento. Os pensamentos suicidas são sintomas de uma doença que tem nome, diagnóstico e tratamento. Não hesite em buscar ajuda. Procure um psiquiatra.
*Antônio Geraldo da Silva é médico formado pela Faculdade de Medicina na Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES. É psiquiatra pelo convênio HSVP/SES – HUB/UnB. É doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto – Portugal e possui Pós-Doutorado em Medicina Molecular pela Faculdade de Medicina da UFMG.
Entre 2018 e 2020, foi Presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina – APAL. Atualmente é Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Diretor Clínico do IPAGE – Instituto de Psiquiatria Antônio Geraldo e Presidente do IGV – Instituto Gestão e Vida. Associate Editor for Public Affairs do Brazilian Journal of Psychiatry – BJP. Editor sênior da revista Debates em Psiquiatria. Review Editor da Frontiers. Acadêmico da Academia de Medicina de Brasília. Acadêmico Correspondente da Academia de Medicina de Minas Gerais.