O Prêmio Engenho Mulher 2025 celebrou a força transformadora de três mulheres que fazem a diferença no Distrito Federal, em uma cerimônia marcada por emoção e reconhecimento. Realizado no Museu de Arte de Brasília, o evento reuniu cerca de 200 convidados em um ambiente que exalava sensibilidade e empoderamento feminino. Sob o tema Reconhecimento a Quem nos Transforma, a premiação destacou a trajetória de Gina Vieira, criadora do projeto educacional Mulheres Inspiradoras; Joice Marques, fundadora da Casa Akotirene; e Rosane Garcia, presidente do projeto AscapBSB, todas atuantes em iniciativas de impacto social na Ceilândia.
A premiação, organizada pela jornalista Kátia Cubel, contou com um júri formado exclusivamente por sete mulheres jornalistas, que avaliaram as indicadas com um olhar atento à resiliência, liderança e protagonismo feminino. Entre elas, Basília Rodrigues (CNN Brasil), Carmen Souza (Correio Braziliense), Claudia Meirelles (Metrópoles), Jane Godoy (influencer digital), Neila Medeiros (TV Record), Paola Lima (Agência Senado) e Raiane Sena (TV Globo).

Vencedoras do Premio Engenho e Juradas

Jane Cleber, Rose Rainha, Celina Leão, Kátia Cubel e Giselle Ferreira
Em sua fala, Kátia Cubel ressaltou o poder transformador do reconhecimento público proporcionado por uma premiação que traz autorrealização para quem é contemplado. “Esse sentimento é uma força intensa que motiva a seguir em frente, especialmente mulheres que atuam muitas vezes em condições muito desafiadoras. Reconhecimento público, aumento de credibilidade, novas conexões e parcerias e otimização dos resultados são desdobramentos que observamos nos anos anteriores, para os projetos liderados pelas vencedoras do Prêmio Engenho Mulher”, destaca a organizadora da premiação, a jornalista Kátia Cubel.

Kátia Cubel

Marcela Passamani, Rosane Garcia e Regiane Pacheco

Celina Leão
A cerimônia também marcou o anúncio da parceria institucional com o Sebrae-DF, que, na ocasião, apresentou um programa de aceleração para mulheres empreendedoras. A superintendente Rose Rainha destacou a importância de fomentar iniciativas que impulsionem o protagonismo feminino no empreendedorismo local.
Além do impacto social, a noite foi marcada pelo capricho nos detalhes, com um bufê assinado pela Chocolat, empresa brasiliense comandada por Tânia Aranha e sua filha Fernanda Aranha, e ambientação organizada pela própria equipe do Engenho, que trabalhou de forma voluntária para otimizar os recursos captados.

Jane Cleber, Rose Rainha, Celina Leão, Kátia Cubel e Giselle Ferreira

Juradas

Rose Rainha, Kátia Cubel e Eliane Ribeiro
Fotos por Vanessa Castro
Premiados da edição
Gina Vieira
Gina Vieira Ponte de Albuquerque intensificou a transformação do mundo à sua volta em 2014. Como professora de escola pública, ela implementou o projeto Mulheres Inspiradoras. Nele, alunos do 9o ano no Centro de Ensino Fundamental 12 de Ceilândia (DF) passaram a escrever e a valorizar a trajetória das mulheres de seu próprio cotidiano. “Eu estava incomodada com a ausência de referências femininas no currículo e no material didático da rede pública de ensino”, conta ela.
O resgate e a valorização de outras mulheres por meio do trabalho da Professora Gina se tornou uma política pública, no DF, em 2021. Desde então, alçou vôos. E hoje está impactando pessoas, mulheres em especial, em outras cidades e países. Entre eles, Moçambique, na África.
Brasiliense, Gina é filha de pioneiros, candangos que deixaram sua impressão digital na origem da Capital do país. Graduada em Letras, mestra em Linguística e especialista em Educação, seu trabalho já obteve outros 19 prêmios pelo mundo.
Joice Marques
Mulheres vítimas de violência inspiraram Joice Marques a fundar, em 2019, um espaço de acolhimento e resgate batizado de Casa Akotirene. Desde então, mais de mil pessoas já foram beneficiadas por um trabalho voluntário que disponibiliza atendimento psicossocial e profissionalização, com cursos gratuitos de informática, música, costura, barbeiro e trancista. O trabalho se ampliou e recebe quem precisar de apoio na região de Ceilândia Norte (DF).
Joice Marques é piauiense, tem 36 anos e é uma mulher preta comprometida com a transformação social a partir das vivências e saberes populares. Formada em Educação Popular, especialista em Direitos Humanos, produtora cultural e mobilizadora comunitária, dedica-se a ações voltadas para o fortalecimento da sua comunidade. A Casa Akotirene se inspira na cultura dos quilombos, e presta homenagem à primeira mulher líder em Palmares, Akotirene.
Rosane Garcia
Nada empodera mais uma mulher do que dinheiro no bolso. Por isso, capacitar mulheres para que tenham sua própria renda é a missão que Rosane Garcia abraçou na AscapBsB. A entidade profissionaliza mulheres periféricas, em condições de vulnerabilidade socioeconômica. De forma gratuita, e com atividades complementares para suporte emocional, o projeto disponibiliza formação profissionalizante em modelagem, corte e costura, técnicas de bordado, TCI (terapia comunitária integrativa), educação financeira e excelência em atendimento ao cliente.
Rosane Garcia, carioca, 70 anos, chegou à capital do Brasil nos Anos 60. Ela é jornalista de profissão. Discreta, atua voluntariamente numa ação que já impactou dezenas de mulheres, com profissão e geração de renda. A AscapBsB é o braço social do Centro Espírita Caminheiros de Antônio de Pádua, instituição umbandista, fundada em 1971.
Como surgiu a premiação
O Prêmio Engenho Mulher surgiu em 2019, com o aumento das agressões a mulheres, e também a jornalistas do sexo feminino no exercício da profissão. “Esse contexto inspira a fórmula da premiação: sete mulheres jornalistas são convidadas a compor a comissão julgadora. Com visibilidade e empoderamento, elas escolhem entre elas três vencedoras, que são mulheres que com trabalho, resiliência e dedicação, transformam o mundo ao seu redor – e assim promovem avanços de cidadania”, comenta Kátia em resposta ao GPS Brasília.
A primeira edição do Prêmio Engenho Mulher ocorreu em 2020, mas a entrega dos prêmios foi adiada para 2023 em razão da pandemia. Entre as premiadas, destaque para a doutora Jane Klébia, delegada que ganhou notoriedade por sua atuação incisiva no combate ao feminicídio e à violência contra mulheres. Em 2022, ela foi eleita deputada distrital e, no ano seguinte, recebeu o prêmio já como parlamentar.
Outra homenageada foi a doutora Ísis Magalhães, médica e cientista que atua como diretora médica do Hospital da Criança de Brasília, José de Alencar. Reconhecida por sua dedicação incansável, Ísis é referência no atendimento a crianças com doenças graves, oferecendo suporte não apenas aos pequenos pacientes, mas também às mães que enfrentam situações difíceis.
Já a segunda edição do Prêmio Engenho Mulher foi realizada em 2024, destacando mulheres que transformam realidades em contextos adversos. Carmélia Pereira foi uma das vencedoras pelo trabalho à frente de uma creche que atende crianças de um a cinco anos na comunidade Santa Luzia, local marcado pela extrema pobreza e falta de saneamento básico. Com empenho e dedicação, Carmélia oferece um ambiente acolhedor e educativo, amenizando os impactos sociais da região.
Outra premiada foi Rejane Pacheco, maestrina e diretora do Instituto Reciclando Sons. Atuando na Estrutural, Rejane já impactou mais de 50 mil pessoas ao ensinar música para crianças e adolescentes, além de promover cursos de computação, panificação e confeitaria, capacitando adultos para o mercado de trabalho.
A terceira homenageada foi Sandra Lia Simon, subprocuradora-geral do trabalho e integrante do coletivo Transforma MP. Sandra desenvolve ações voltadas para a inserção de mulheres trans no mercado de trabalho, fomentando a inclusão social e profissional de um grupo historicamente marginalizado.