Apesar de parecer natural e instintivo, amamentar não costuma ser fácil para a maioria das mulheres. Além de algumas dificuldades que as mães podem enfrentar, dúvidas surgem e envolvem, até mesmo, mitos inverídicos passados por gerações de mulheres, prejudicando esse momento da vida, que é tão importante para a mãe e para o bebê. Por isso, a consultora de amamentação, Aline França, esclarece que é importante a realização do pré-natal da amamentação.
A profissional, que atua há 7 anos atendendo gestantes, puérperas e famílias com bebês, destaca também que muitas mães interrompem a amamentação por falta de apoio familiar e profissional no retorno ao trabalho. “A mulher precisa de várias pessoas auxiliando nessa amamentação, e uma excelente forma de começar a receber esse apoio é se preparando desde a gestação com orientação de uma profissional capacitada”, explica.
Segundo ela, esse acompanhamento, que deve ser feito por uma consultora de amamentação, além de esclarecer pontos cruciais, alinha as expectativas sobre a amamentação e cuidados com o bebê. “Esse pré-natal contribui para munir toda a família de informações essenciais sobre o processo de aleitamento. Também auxilia a reconhecer sinais de alerta no bebê e na mãe, inclusive, orientar em casos mais graves a que tipo de suporte é necessário buscar”, explica a profissional.
No pré-natal da amamentação, as mães recebem orientações sobre sinais de boa ingestão, pega (forma correta do bebê abocanhar o seio) e posições para amamentar, como dar banho, primeiros cuidados e formas de acalmar o bebê. E ainda recebe muitas orientações sobre enxoval consciente para escolha e compra de itens úteis e seguros, tanto para a amamentação quanto para o bebê, sem desperdício de tempo e dinheiro.
Entre os benefícios do pré-natal de amamentação estão aumentar a confiança da família e da própria gestante no ato do aleitamento, bem como ter bebês amamentados por mais tempo, inclusive, com maior prevalência da amamentação exclusiva.
A consultora explica que o pré-natal de amamentação ocorre em uma preparação individual, em que são feitas duas consultas. O ideal é que elas sejam feitas no segundo e terceiro trimestre de gestação. É feita a anamnese, que se trata de um questionário que deve ser respondido antes das consultas. “O objetivo é conhecer todo histórico de saúde da mãe e do bebê na gestação. Essas informações são preciosas para o atendimento, otimizando o tempo de consulta para que o foco seja na parte prática de amamentação, cuidados com o bebê, e nas dúvidas que a gestante tiver”, disse.
“A primeira consulta, é a de cuidados com o bebê, e pode acontecer no segundo trimestre de gestação. Ela trata de temas como comportamento esperado do bebê nos primeiros dias, sono, fraldas, sling (carregador ergonômico de bebê), umbigo, manobra de desengasgo, e a toda parte emocional da puérpera. São duas horas de consulta”, explica.
No terceiro trimestre a consulta tem como foco prestar informações básicas de amamentação, avaliar as mamas e traçar um plano de alimentação personalizado para bebê. Também ensina técnicas de massagem, ordenha e extração do leite para que a mãe possa ter autonomia depois que o bebê nascer. “Qualquer questão que aconteça que ela não possa amamentar o bebê, desde questões mais simples, porque está com muita dor, o seio está muito empedrado, ou porque o bebê foi para a UTI e teve alguma questão, a mulher tem essa autonomia de ordenhar o leite, oferecer para o seu bebê, e evitar o uso precoce de fórmula láctea”, destaca.
Importância da amamentação – Aline França esclarece que o leite materno é espécie-específico, porque ele é feito da mãe para o bebê e se modifica ao longo dessa alimentação de acordo com as necessidades da idade de cada bebê.
“O leite materno dá pistas para a criança de qual momento do dia nós estamos, então, ele se modula também ao longo do dia de acordo com os hormônios maternos. Além disso, o leite vai trazer, obviamente, todos os benefícios alimentares, fornecendo as gorduras, proteínas e açúcares necessários para o bebê. Há bactérias no próprio leite que vão ajudar na digestão, então, é um leite de muito fácil digestão para o bebê”, disse.
A consulta explica também que a mãe que amamenta tem um fator protetivo contra a depressão pós-parto, o que é comprovado em estudos. “A mãe que amamenta tem menor risco de desenvolver câncer de mama no futuro e, consegue, também suprir a necessidade de colo do recém-nascido, que tem muita necessidade de contato”, finaliza.