“O envelhecimento é um processo inevitável, mas sua trajetória pode ser influenciada por escolhas de estilo de vida”, alerta o profissional de Educação Física Raphael L. Olegário. Para ele, entre os fatores que mais contribuem para um envelhecimento saudável, a prática regular de exercício físico ocupa posição central.
Porém, antes de entrar de vez no assunto, é importante, primeiramente, entender que envelhecer não é uma doença. “Envelhecer é um processo natural, universal aos seres vivos, inexorável, em que a gente, de forma objetiva, reduz as reservas funcionais. E o que isso significa? Que a gente reduz as formas de combater um problema”, afirma a médica geriatra Alexandra Arantes.
Ela explica que alguns aspectos são próprios do envelhecimento, como: diminuição da densidade, ou seja, a consistência do osso; além da redução da massa muscular e da água dentro das células. “O indivíduo tende a ser mais desidratado, o que aumenta o risco de queda e de tontura”, detalha.
E, já que o envelhecimento pode favorecer o desenvolvimento de doenças, o que é, então, ter saúde na terceira idade? “Um idoso saudável é aquele que tem autonomia e independência, ou seja, que é capaz de tomar decisões sozinho. E para ser independente, entra a grande importância do exercício físico”, relata a médica.
Alexandra destaca que, antigamente, as pessoas morriam mais jovens, muito em função de doenças cardiovasculares. “Só que, com o tempo, passamos a controlar melhor a pressão arterial, o diabetes e os hábitos de vida. E, com isso, subiu também a expectativa de vida”, conta. “A atividade física vem para prevenir esses eventos vasculares, como o infarto, por exemplo, mas ela também tem uma grande importância em manter a força, a mobilidade e o equilíbrio”, diz.
Do ponto de vista neurocientífico, Raphael explica que o movimento não é apenas um cuidado com o corpo, mas também um dos recursos mais eficazes para a preservação da saúde cerebral. “Outro aspecto relevante é o impacto sobre a prevenção de doenças neurodegenerativas”, destaca. “Evidências epidemiológicas apontam que idosos fisicamente ativos apresentam menor risco de desenvolver quadros como doença de Alzheimer e demência vascular.
Atualmente, a recomendação é que pessoas com mais de 60 anos pratiquem pelo menos 150 minutos por semana de exercícios aeróbicos moderados, combinados com duas sessões semanais de fortalecimento muscular e atividades de equilíbrio e flexibilidade.
O educador físico explica que o fortalecimento muscular, obtido por meio da musculação adaptada, também auxilia na preservação da densidade óssea e na prevenção da osteoporose. Já práticas como a natação e a hidroginástica oferecem condicionamento cardiorrespiratório com baixo impacto nas articulações, sendo ideais para indivíduos com limitações ortopédicas.
“Caminhadas diárias ou corridas leves, por sua vez, mantêm a saúde cardiovascular e estão diretamente associadas à redução do risco de acidentes vasculares cerebrais”, revela Raphael.
Enquanto isso, atividades que unem movimento e atenção plena, como o yoga e o tai chi chuan, demonstraram benefícios adicionais: além de melhorarem equilíbrio e flexibilidade, favorecem a regulação autonômica e reduzem a percepção de estresse, fatores fundamentais para a saúde global. “O alongamento e os exercícios de mobilidade, quando realizados de forma regular, completam o quadro, prevenindo rigidez muscular e preservando a independência funcional”, conclui.
Uma boa notícia é que nunca é tarde. Estudos científicos mostram que a qualquer momento, mudanças de hábitos podem contribuir de forma positiva e têm benefícios no envelhecimento, destaca Alexandra. Portanto, o exercício físico deve ser entendido não apenas como uma ferramenta de condicionamento corporal, mas como uma intervenção essencial na promoção da saúde cerebral e na prevenção de declínio cognitivo.
“Aos 60, 70 ou 80 anos, nunca é tarde para começar! Cada sessão de atividade é um investimento direto na preservação da autonomia, da memória e do bem-estar emocional”, finaliza o educador físico.