Em sabatina realizada nesta segunda-feira (7/4), o presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, foi abatinado por 17 dos 24 deputados distritais sobre a compra do Banco Master, anunciada por R$ 2 bilhões.
A reunião durou cerca de quatro horas e, embora considerada importante pelos parlamentares, deve ser remarcada para novos esclarecimentos. O encontro foi de portas fechadas na Câmara Legislativa (CLDF).
Um dos principais temores seria de que o Master estivesse com dividendos, após reportagem da Folha de S.Paulo divulgar que o BTG Pactual teria oferecido apenas R$ 1 para a compra da instituição, o que levantou a suspeita sobre os questionamentos. Contudo, o próprio BTG desmentiu, em documento encaminhado para a Comissão de Valores Mobiliários, ter realizado qualquer proposta para entrar na negociação.
A operação, que tem gerado polêmica entre os parlamentares, foi apresentada como um movimento estratégico com retorno projetado em dividendos bilionários ao longo de cinco anos.
“Mostramos toda a lógica da operação e projetamos um impacto positivo de cerca de R$ 2 bilhões para os acionistas, entre eles o GDF, que possui 65,63% das ações do BRB”, declarou Costa.
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Entre os principais pontos debatidos estiveram a motivação da compra, a origem dos recursos usados na transação e os riscos financeiros ao Distrito Federal, já que o BRB é uma instituição pública.
De forma colaborativa, Costa garantiu que nenhum centavo do contribuinte será usado na possível aquisição. Ele reforçou aos deputados que o capital virá dos próprios investimentos do banco, o qual tem registrado, segundo ele próprio, lucros recordes nos últimos anos.
“Essa operação está sendo feita com recursos do próprio BRB, não com dinheiro público”, reforçou o presidente aos distritais.
O presidente do BRB esclareceu que a operação não foi divulgada previamente por conta do sigilo exigido em negócios com instituições listadas na Bolsa de Valores. A medida ocorre para evitar especulações financeiras sobre a possível operação.
Contudo, a complexidade da transação gerou desconfiança entre os parlamentares — principalmente pela falta de detalhes sobre os chamados “ativos podres” do Banco Master, conforme a reportagem já esclarecida pelo BTG Pactual.
“Assumir o controle implicaria uma estatização do Master, o que comprometeria o aproveitamento da expertise e da tecnologia da instituição. O negócio perderia sentido estratégico”, argumentou o presidente do BRB.
Na reunião, o deputado Gabriel Magno (PT) relatou que há estimativas de que R$ 23 bilhões em ativos deteriorados fiquem fora do negócio, mas que esse número ainda depende de uma consultoria. “A reunião foi importante, mas inconclusiva. Quando questionamos o que exatamente entra e o que fica de fora da operação, a resposta foi que tudo depende do estudo técnico em andamento”, afirmou.
Outro ponto de preocupação seria o ritmo acelerado da negociação. Segundo o deputado Fábio Félix (PSol), o BRB já adquiriu carteiras de crédito consignado do Master desde agosto de 2024, com taxas acima das praticadas normalmente.
“O processo de compra começou em janeiro deste ano, mas algumas transações já vinham ocorrendo antes, com taxas mais altas. Além disso, por que o banco está adquirindo 58,6% das ações e não terá o controle, ficando com menos de 50% das ordinárias?”, questionou.
Os parlamentares também debatem se a operação precisará passar pela Câmara Legislativa do DF (CLDF). Para o presidente da Casa, Wellington Luiz (MDB), isso dependerá de um parecer jurídico específico sobre a negociação anunciada recentemente.
“Se a aquisição estiver dentro do plano de negócios do BRB, não há exigência de aprovação legislativa. Estamos aguardando o parecer da Procuradoria”, explicou. “Se houver necessidade de judicializar, é nosso papel, e o banco entende isso. Mas não vi até agora elementos que nos forcem a essa situação”
Da mesma forma, a deputada Paula Belmonte (Cidadania) defendeu uma nova rodada de esclarecimentos, quando reforçou a intenção da Câmara Legislativa de defender o banco que nasceu para ser do Distrito Federal.
“O BRB é de todos nós. Tudo o que diz respeito a ele é de interesse da população. Eu quero o melhor para Brasília”, concluiu.
Com informações da CLDF