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Política Queer: sobe o número de parlamentares LGBTQIAP+ eleitos

O Brasil saiu de pouco mais de cem representantes queer para 324 políticos eleitos este ano

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Após o crescimento de 94% nas candidaturas de pessoas _queer_ em comparação com as eleições de 2018, o número de **Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queers, Intersexos, Assexuais, Pansexuais e mais (LGTQIAP+)** eleitos também aumentou. Além disso, o **GPS|Lifetime** entrevistou o **deputado distrital Fábio Félix (PSOL/DF)** sobre o assunto.

![Parada LGBT (Foto: Mercedes Mehling/Unsplash/Reprodução)](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Reproducao_4eecf70e5b.jpg)

Dos 324 pedidos de candidatura registrados ao longo das eleições pela organização não-governamental (ONG) **VoteLGBT+**, apenas 18 delas se consolidaram em pessoas eleitas (4 candidaturas na **Câmara dos Deputados** e 14 nas **assembleias legislativas** dos estados), o que demonstra uma representatividade expressiva em relação aos políticos eleitos nos últimos anos.

>“Esta é uma grande vitória para a democracia brasileira. Não há democracia sem diversidade. Mostramos que existimos na população, a cada Parada do Orgulho, e agora em números recordes também nas urnas e como eleitas. Somos diversas e temos capacidade de fazermos mandatos com políticas para todos e também para nós”, afirmou uma dos integrante do VoteLGBT, Evorah Cardoso. “O sucesso das LGBT+ nas urnas é um recado bastante expressivo da população brasileira, que precisa ser lido dentro de um contexto maior, em que os eleitores mostram que querem não só mandatos diversos, mas também representativos, das pautas LGBT+, feminista, antirracista e indígena. Elegemos mandatos LGBT+ que são capazes de representar essas distintas pautas”, completa Evorah.

![LGBTQIAP+ (Foto: Norbu GYACHUNG/Unsplash/Reprodução)](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Reproducao_39a29f5fe6.jpg)

**Representatividade local**
Entre os parlamentares eleitos, estão o deputado distrital mais votado da História, **Fábio Félix** (PSOL/DF), que estreou sua primeira reeleição na **Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF)**, e as deputadas estaduais **Duda Salabert (PDT/MG)** e **Erika Hilton (PSOL/SP)**, ambas pessoas transexuais a deixarem sua marca no Brasil através da **Câmara dos Deputados**.

![Dani Sanchez e Fabio Felix (Foto: Divulgação)](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Dani_Sanchez_e_Fabio_Felix_Foto_Divulgacao_2dd67e3af3.jpg)

>”Um ativista LGBT ser o mais votado da história do DF é um recado claro aos conservadores e ao fundamentalismo religioso: há espaço para a construção de um novo projeto de cidade. Nós vamos continuar defendendo direitos humanos e direitos sociais com muita força e fazendo uma oposição firme à extrema-direita. Esse resultado histórico nas urnas prova que é isso que a população espera de nós”, explicou o deputado distrital **Fábio Felix** ao **GPS|Lifetime**.

Quanto aos desafios a serem enfrentados por ele e pelo restante dos parlamentares **LGBTQIAP+** no País, Félix reafirmou a atuação desses políticos e o que representam – além, é claro, de reforçar o enfrentamento à fome e desigualdade socioeconômica no Distrito Federal, em detrimento das** mais de 300 mil pessoas** em situação de fome na região.

>”Vão ter que engolir que um LGBT assumido foi o mais votado da história do DF, mas não apenas porque é LGBT. Trabalhamos muito nos últimos 4 anos, atuando em todas as pautas importantes para a população: acesso à saúde, melhoria das escolas públicas, fortalecimento de projetos pedagógicos inovadores, investimentos na cadeia produtiva da cultura, enfrentamento ao racismo, proteção às mulheres”, ressaltou o deputado Fábio Felix. “Vamos continuar fazendo a defesa intransigente dos direitos humanos. Não daremos um passo atrás na defesa do que acreditamos e vamos enfrentar todo e qualquer discurso fundamentalista, de ódio. Não vamos aceitar que provoquem pânicos morais na população, tirando o foco do que verdadeiramente importa: enfrentar a fome e as desigualdades. São mais de 300 mil pessoas passando fome no DF e a propriedade da Câmara Legislativa deve ser fortalecer a política social”, completa.

Questionado sobre o segundo turno das eleições presidenciais, que ocorrem no dia 30 de outubro, Félix se mostrou confiante na vitória do **petista Luís Inácio Lula da Silva (PT/SP)**.

>”Vai dar Lula, com certeza. A população não aguenta mais a política do ódio, da mentira e da miséria. Vamos eleger Lula e começar a reconstruir esse país, enfrentando as desigualdades e os retrocessos nas políticas sociais, na educação e em outras pautas fundamentais”, analisou Félix.

![Bandeiras LGBT (Foto: daniel james/Unsplash/Reprodução)](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Reproducao_f7853a72da.jpg)

Inclusive, a candidatura de pessoas trans nas eleições aumentou 44% desde a última eleição, de acordo com a **Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra)**. Quando entrevistada pela imprensa, a deputada paulista Erika Hilton (PSOL/SP) chegou a afirmar que isso significa um “grito de desespero dos que sempre foram sub-representados”.

>”Me sinto dando um grito de desespero daquelas e daqueles que sempre foram sub-representados, tratadas como cidadãs de segunda classe neste país e que agora retomam para tentar reconstruir a nossa cidadania e a nossa dignidade”, afirmou a deputada paulista Erika Hilton (PSOL/SP) em suas redes.

A deputadas mineira **Duda Salabert (PDT/MG)** chegou a reforçar o coro sobre o apoio do partido ao ex-presidente Lula, tendo anunciado que participaria de reuniões da sigla nesta preparação para o segundo turno.

>”Hoje às 11:30 irei participar da reunião da executiva do PDT . Na condição de vice-presidenta nacional do partido e de deputada federal eleita, defenderei que o PDT declare apoio crítico à candidatura de Lula”, escreveu Duda Sabert em suas redes sociais.

![LGBT (Foto: Margaux Bellott/Unsplash/Reprodução)](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Reproducao_48219a5c33.jpg)

**O que o estudo da Vote LGBT+ revelou?**
– 58% das candidaturas LGBT+ deste ano são negras; 27%, trans; e 18% estão presentes em candidaturas coletivas. Além disso, 30,7% se declararam gays; 30,4%, bissexuais; e 23%, lésbicas;
– São Paulo e Minas Gerais são os estados com maior número de candidaturas LGBT+, com 58 e 28, respectivamente. Rondônia não tem nenhum candidato;
– Por região, o Sudeste tem mais candidaturas: 113 registros, seguido do Nordeste, com 69. O Norte tem o menor número, com 21 candidatos
– A maior parte dos candidatos LGBT+ tenta vaga de deputado estadual, com 182 registros, e deputado federal, com 112;
– O PT e o PSOL são os partidos com mais candidaturas do tipo, com 67 e 100, respectivamente;
– Quanto ao grau de instrução, 40 candidatos têm Ensino Médio completo, e 189 têm o superior completo.

>”A organização parte do princípio de que só existe democracia quando há diversidade, por isso, também enxerga a representatividade de forma interseccional às questões de gênero e raça. Desde 2016, realiza pesquisas sobre a população LGBT+, entendendo que esses dados são fundamentais para uma leitura complexa dessa parcela da população e para a criação de políticas públicas que incluam suas necessidades”, comunicou o VoteLGBT por meio do relatório.

Confira todos os parlamentares eleitos este ano
1. Bancada Feminista
2. Bella Gonçalves
3. Daiana Santos
4. Dandara
5. Dani Balbi
6. Dani Monteiro
7. Drª Michelle Melo
8. Duda Salabert
9. Ediane Maria
10. Erika Hilton
11. Fábio Felix
12. Guilherme Cortez
13. Leci Brandão
14. Linda Brasil
15. Movimento Pretas
16. Rosa Amorim
17. Thainara Faria
18. Verônica Lima