A Polícia Federal desmantelou nesta quinta-feira (29) mais uma camada de um escândalo que ameaça as bases do Judiciário brasileiro. A oitava fase da Operação Sisamnes investiga a venda de sentenças que teria alcançado tanto o Superior Tribunal de Justiça (STJ) quanto o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). No centro da nova ofensiva, um magistrado do TJMT foi afastado do cargo por suspeita de envolvimento em um esquema milionário de corrupção judicial.
Autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a ação cumpriu mandados de busca e apreensão e determinou o sequestro de bens no valor de R$ 30 milhões. O juiz investigado também está proibido de deixar o país e teve o passaporte retido.
Segundo a PF, o magistrado fazia parte de uma rede que negociava decisões judiciais em troca de propina, com envolvimento de empresários, operadores do direito e autoridades. Para esconder os pagamentos, o grupo criou um esquema sofisticado de lavagem de dinheiro, com empresas de fachada e movimentações financeiras disfarçadas.
As investigações indicam que o esquema não se limitava ao TJ de Mato Grosso. Decisões no STJ também estariam sendo compradas, o que levanta suspeitas sobre a integridade de julgamentos em uma das cortes mais importantes do país. Os investigadores já mapearam uma série de processos em que houve, segundo indícios, influência indevida nas decisões.
A nova fase da operação ocorre um dia após a revelação de um grupo paralelo, formado por civis e militares, suspeito de atuar como milícia especializada em espionagem e assassinatos por encomenda. Esse braço violento da organização cobrava até R$ 250 mil para eliminar alvos estratégicos, entre eles autoridades do Judiciário e da política. O assassinato do advogado Roberto Zampieri, em 2023, é investigado como parte desse esquema.
Com as novas descobertas, a Operação Sisamnes aponta para um sistema de corrupção enraizado nas estruturas de poder, onde decisões judiciais viram moeda de troca e até a vida de quem desafia os interesses do esquema pode estar em risco. A PF continua apurando o envolvimento de outros magistrados e autoridades no esquema.