O ex-senador Telmário Mota (Pros-RR) encontra-se foragido da Polícia Civil após uma operação na manhã desta segunda-feira (30). A operação resultou do cumprimento de um mandado de prisão contra o ex-parlamentar, acusado de ser o mandante do assassinato de sua ex-esposa, Antônia Araújo de Sousa, de 52 anos. Embora buscas tenham sido realizadas em sua fazenda em Roraima e em um apartamento em Brasília, Telmário não foi localizado.
A Delegacia Geral de Homicídios de Roraima, liderada por João Evangelista, é a responsável pelas investigações. Evangelista, em declarações ao portal Metrópoles, ressaltou a influência e o status político de Telmário Mota, sugerindo que ele poderia ter tido conhecimento antecipado da operação.
Evangelista explicou: “É uma pessoa que tem muita influência. É de uma família tradicional de Roraima. Ele tem uma vida política muito extensa. Eu não descarto a possibilidade de ele ter tido conhecimento antecipado dessas informações sigilosas. Independente de cautela ou controle que a gente buscou ter, esse tipo de coisa foge da nossa esfera de controle.”
Durante uma coletiva de imprensa, o delegado detalhou a atuação do grupo acusado de participar do assassinato da ex-mulher de Telmário. A Justiça emitiu três mandados de prisão e sete de busca e apreensão, mas apenas um dos alvos foi encontrado. Leandro Luz da Conceição, suspeito de ter efetuado o tiro que matou Antônia, foi preso em Caracaraí, no interior de Roraima. O sobrinho do ex-senador, Harrison Nei Correa Mota, conhecido como “Ney Mentira,” que teria organizado o assassinato, está foragido, assim como o ex-senador.
O delegado mencionou as possíveis motivações do crime, sugerindo que Antônia Araújo de Sousa estava prestes a testemunhar em um caso de estupro envolvendo Telmário Mota e a filha de ambos. O crime teria ocorrido em agosto de 2022, quando a adolescente de 17 anos denunciou o ex-senador por estupro e registrou um boletim de ocorrência, alegando que ele a forçou a entrar em um carro e a agrediu.
O delegado explicou: “Existem alguns processos judiciais acerca de valores e pensões e, além disso, existe o processo criminal dando conta do envolvimento do ex-senador em um crime de estupro, onde a vítima seria a própria filha. E a vítima (Antônia Araújo de Sousa) desse caso de homicídio seria ouvida. Ela seria ouvida em uma segunda-feira e foi morta na sexta-feira da semana anterior.”
Outro aspecto abordado na coletiva foi o papel da ex-assessora de Telmário no caso, que teria seguido Antônia Araújo de Sousa dias antes de seu assassinato a pedido do ex-chefe. Ela foi alvo de medidas cautelares e terá que usar uma tornozeleira eletrônica.
A Polícia Civil ainda não identificou o motorista que conduzia a motocicleta no dia do crime, nem localizou a arma do assassinato.
Entendendo o Crime
Antônia foi morta com um tiro na cabeça em 29 de setembro, por volta das 6h30, quando estava saindo de casa para trabalhar. O crime foi executado por duas pessoas em uma motocicleta. Segundo as investigações, a decisão de matá-la teria surgido de uma reunião na fazenda Caçada Real, onde Telmário Mota teria deixado seu sobrinho, Harrison Nei Correa Mota, responsável por organizar o assassinato.
O sobrinho, conhecido como “Ney Mentira”, teria adquirido a motocicleta usada no crime, a qual foi comprada por R$ 4 mil em espécie, estava registrada em nome de outra pessoa e possuía documentação irregular. O sobrinho do ex-senador já enfrentava acusações de homicídio qualificado, estelionato, roubo majorado, furto qualificado e apropriação indébita.
Após a compra da motocicleta, Ney Mentira a entregou a uma ex-assessora de Telmário Mota, que a levou para uma oficina para reparos e revisão. Posteriormente, a mesma mulher entregou a motocicleta aos autores do crime, seguindo as orientações do sobrinho do político.