A menina dos olhos de Stephanie de Paula já não é mais menina. Brasília, a agora senhora de 65 anos, é a mola propulsora da vida profissional da artista. Assim como fizeram os ídolos Oscar Niemeyer, Athos Bulcão e Vinícius de Moraes, a pintora de 31 anos se inspira na Capital da Esperança para criar — e se vestir. As maiores referências da “pioneira de alma” são datadas de 1960, ano inaugural da aniversariante.
Radicada em Brasília desde a primeira infância, a paranaense de olhos esverdeados e tom de voz elegante, como seus chapéus, carrega o glamour dos tempos idos. Ela garante que o apreço pelo estilo vintage, compartilhado em elaborados posts nas redes sociais, é genuíno. “Não faço personagem. Sou mesmo uma habitué de brechós incorrigível“, elucida.

Foto: Rayra Paiva

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As telas da designer de moda por formação são outro forte reflexo de seu amor pela capital. A mais nova coleção de Stephanie, concebida especialmente para o aniversário de 65 da cidade e divulgada em primeira mão pelo GPS|Brasília, faz referência à passagem frutífera dos cantores Tom Jobim e Vinicius de Moraes pelo então recém-inaugurado centro do poder. “Além de criar a Sinfonia da Alvorada a pedido de Juscelino Kubitschek, a dupla compôs um dos maiores clássicos da bossa nova em solo brasiliense”, lembra, referindo-se ao hino Água de Beber. As obras em aquarela trazem a silhueta dos musicistas entre monumentos, como a Catedral e o Palácio da Alvorada.

Foto: Rayra Paiva

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Primeira da família a enveredar pelo meio artístico e casada com o premiado designer de produto Dimitri Lociks, a paranaense já experienciou a catarse de expor em um dos cartões-postais mais emblemáticos do quadradinho. Ela, que desde pequena enxerga cores toda vez que ouve música e, por isso, é tão apegada a canções, ressignificou o diagnóstico de sinestesia ao criar uma série batizada com o nome da condição e inspirada na Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro. As telas, feitas ao vivo durante os concertos, foram apresentadas ao público no Cine Brasília em 2019.

Foto: Rayra Paiva

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Efervescente como a cidade que adotou como sua, Stephanie não titubeia ao explicitar seu maior desejo profissional. Ao caminhar e posar pelas edificações modernistas do Brasília Palace — primeiro hotel da capital —, pano de fundo deste ensaio e local onde Água de Beber foi lançada, a artista descortina a vontade de que sua classe volte a convergir talentos em prol do nascimento de um significativo movimento para o País.
“Nascida de um sonho e construída a muitas mãos, Brasília é fruto da união de artistas como Niemeyer, Burle Marx e Marianne Peretti. Juntos, nos potencializamos. Minha vontade é desenhar, ao lado de colegas, sonhos grandes como Brasília“, profetiza a pintora, com seu característico gestual que acompanha a cadência de sua voz e a fluidez de seus vestidos.

Foto: Rayra Paiva

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