O mundo pet está vivendo uma verdadeira revolução e cada vez mais os animais ganham espaço nas nossas vidas e na sociedade. Em 2024, o mercado brasileiro faturou R$ 75,4 bilhões em 2024, aumento de 9,6% em relação a 2023. O País ocupa a terceira posição no ranking mundial de maior mercado pet, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da China, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet).
No Distrito Federal, mais da metade dos lares – o equivalente a 55% — possuem ao menos um animal de estimação. Ao todo, 697,7 mil casas abrigam 837,7 mil bichos, segundo a última Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios Ampliada (Pdad-A).
Aproveitando esse momento e colocando o amor pelos bichinhos como prioridade também na vida profissional, empreendedores brasilienses vêm inovando o mercado ao oferecer produtos pensados com carinho, qualidade e propósito para os animais de estimação. Thays Bié, chef pet à frente da Cani Bravo, um espaço que pode até ser chamado de restaurante para cachorros na Asa Norte, transformou o amor pelos animais em uma marca que ganha cada vez mais espaço entre os tutores que querem apostar na alimentação natural como pilar de saúde e bem-estar.

Foto: Cani Bravo/Divulgação
Thays começou sua jornada vendendo petiscos e kits de “auniversário” em encontros pet no Sudoeste, antes mesmo de oferecer alimentação natural. Foi aí que ela deixou de lado a carreira de vendedora em grandes empresas e viu nos pets a chance de unir paixão e empreendedorismo: “Meu pet em casa me trouxe esse olhar para uma alimentação mais saudável, livre de industrializados”, conta.
Hoje, a Cani Bravo se destaca por oferecer bolos de proteína como tilápia, frango e até filé mignon suíno, docinhos de fígado e coxinhas de peito de frango, além da alimentação natural — as comidas do dia a dia que substituem a ração industrializada. As receitas são pensadas com apoio de veterinárias nutricionistas, evitando ingredientes que causam intolerância alimentar e respeitando as necessidades específicas de cada pet.

Foto: Cani Bravo/Divulgação
“Para ser cozinheiro pet, tem que pensar como o animal. Cães são onívoros, então podemos usar frutas, vegetais e proteínas variadas. O que fazemos é mais que petisco – é afeto, saúde e cuidado”, explica Thays. A empresa também atende gatos, embora esses sejam naturalmente mais exigentes quando o assunto é mudar a alimentação.
Com uma loja física na Asa Norte (CLN 215, Bloco B), a Cani Bravo preza pela produção sob encomenda para garantir frescor. E o futuro promete: há planos para uma nova unidade e até um modelo de franquia, sempre mantendo o toque artesanal.

Foto: Cani Bravo/Divulgação
O veterinário Flávio Nunes, explica a diferença entre comida caseira e alimentação natural para cães. A primeira são apenas alimentos preparados em casa, utilizando ingredientes encontrados em nosso dia a dia.
“No entanto, o termo caseiro por si só não garante que a dieta seja nutricionalmente completa e balanceada para o animal. Por outro lado, a comida natural para cães é um conceito mais amplo e se alinha com dietas que buscam ser minimamente processadas, livres de aditivos químicos, conservantes e corantes artificiais”, observa.
Um picolé para chamar de petisco
Já a Lambêjo começou de forma inusitada: da cozinha de uma sorveteria convencional. “Minha mãe fazia picolés para os pets dos clientes. Nosso cachorro Lobo adorava! Com o tempo, criamos uma fábrica e reformulamos as receitas até chegarmos no produto que temos hoje”, explica Paula, sócia da empresa.

Foto: Estúdio Magenta

Foto: Estúdio Magenta
A grande sacada da marca foi o palito comestível, feito de biscoito de frango. Isso resolveu um problema comum: os cães devoravam os picolés, inclusive os palitos de madeira. “Nosso produto é natural, sem conservantes, e pode até ser consumido por humanos”, brinca Paula.
Os sabores mais vendidos são banana com melancia e frango com cenoura, sempre baseados em ingredientes frescos e com foco na saúde animal. “Somos apaixonadas por pets e queríamos criar um produto com propósito, que colocasse a saúde deles acima do lucro”, afirma.

Foto: Paulo Souza

Foto: Paulo Souza
Com uma comunidade fiel nas redes sociais e pontos de venda ativos, a Lambêjo também oferece degustações e testes com clientes para lançar sabores. Segundo Paula, o picolé virou um símbolo de carinho após passeios e momentos de lazer com os animais. “É um jeito de dividir experiências com nossos cães, criando memórias afetivas”, conta.
Um novo olhar
Tanto Thays quanto Paula acreditam que a alimentação natural não é apenas uma tendência, mas um caminho sem volta no cuidado com os animais. A mudança no comportamento dos tutores, cada vez mais atentos à saúde e à longevidade dos pets, impulsiona esse novo mercado.
“Não é modismo. É sobre oferecer uma vida mais saudável e feliz para quem nos dá tanto amor incondicional”, afirma Thays.
Para Flávio, o mercado de itens para os animais está em constante e efervescente crescimento, além do foco crescente em produtos que promovam a saúde, o bem-estar e a longevidade dos animais.
“O que tenho visto de mais legal nesse mercado são as inovações na alimentação funcional e personalizada”, completa.