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PF prende ex-bombeiro em operação sobre assassinato de Marielle e Anderson

A prisão se dá após a investigação ser abastecida com a delação de um dos réus pelos homicídios, o ex-PM Élcio Queiroz

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A Polícia Federal prendeu na manhã desta segunda-feira (24) o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, no bojo da primeira etapa ostensiva da investigação da corporação sobre os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018. O investigado foi capturado em sua casa, no Recreio dos Bandeirantes, por agentes da Operação Élpis.

 

A prisão se dá após a investigação ser abastecida com a delação de um dos réus pelos homicídios, o ex-PM Élcio Queiroz. Segundo o ministro da Justiça Flávio Dino, o ex-policial confirmou sua participação no assassinato, assim como a de Ronnie Lessa (outro PM já réu no caso) e revelou a participação de Maxwell no crime.

 

De acordo com o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, Maxell teria participado de ações de vigilância e acompanhamento de Marielle, dando “apoio logístico de integração” com os demais investigados. O chefe da corporação diz que o ex-bombeiro teve “papel importante” no caso, tanto “antes como depois”. Ele teria ajudado na ocultação de provas – o carro usado no crime foi “picado”.

 

Maxwell já havia sido preso por suposto envolvimento com a morte de Marielle e Anderson. Em 2020, foi detido sob acusação de tentar obstruir as apurações. No ano seguinte, condenado em razão das mesmas imputações. O ex-bombeiro teria ajudado a ocultar as armas de um dos acusados dos assassinatos da vereadora e do motorista. Agentes ainda vasculham sete endereços no Rio de Janeiro e na região metropolitana da capital fluminense.

 

A ação se dá no âmbito de inquérito aberto em fevereiro, após requisição do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. A investigação conduzida pela PF se dá em parceria com as autoridades fluminenses.

 

À época em que o inquérito foi aberto, a PF informou que investigaria “todas as circunstâncias” do crime. A portaria de instauração da investigação destacou que é atribuição da corporação “apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme“.

 

O ministro Flávio Dino divulgou que a detenção do ex-bombeiro resultou de uma delação premiada concedida pelo ex-policial militar Elcio Queiroz, que se encontra detido desde 2019 sob suspeita de envolvimento no mesmo crime.

 

“Temos, hoje, a confirmação de passos dados anteriormente. Aspectos sobre os quais pairavam dúvidas, estão esclarecidos, porque há convergência entre a narrativa do Elcio e outros aspectos que já estavam com a polícia. Ele narra a dinâmica, narra a participação dele e do Ronnie Lessa e aponta o  Maxwell e outros como copartícipes. A investigação não está, de forma alguma, concluída, o que acontece é que há um avanço, uma mudança de patamar. A investigação se conclui em termos de patamar da execução e há elementos para um novo patamar, que é a identificação dos mandantes”, destacou Dino.

 

O assassinato de Marielle e Gomes ocorreu em 2018, quando o carro em que ambos estavam foi alvejado por tiros na região central do Rio, após deixarem um evento do PSOL. Uma assessora sobreviveu ao atentado. Dois ex-policiais estão presos – Ronnie Lessa, PM reformado apontado como executor; e Élcio Queiroz, que seria o motorista do carro que perseguiu o veículo de Marielle e Anderson Gomes.