A Polícia Federal concluiu que não há elementos suficientes para indiciar a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro no inquérito que investiga a tentativa de golpe para impedir a posse do presidente eleito em 2022.
A informação foi confirmada pelo diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (27).
Segundo Rodrigues, embora ambos tenham sido citados pelo ex-ajudante de ordens da Presidência, Mauro Cid, não foram encontradas provas adicionais que sustentassem um indiciamento. “
A investigação apontou elementos relacionados a outras pessoas, mas, no caso concreto, não encontramos provas que confirmassem participação dessas duas pessoas”, declarou o diretor-geral da PF.
No final de 2023, a Polícia Federal enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um relatório final no qual indicia 37 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro e os generais Walter Braga Netto e Augusto Heleno. O documento detalha a tentativa de articulação para anular o resultado das eleições e manter Bolsonaro no poder.
Grupos de influência
De acordo com Mauro Cid, que firmou um acordo de delação premiada, a tentativa de golpe foi organizada por diferentes grupos ao redor de Bolsonaro.
O delator citou três núcleos principais: os “conservadores”, que enxergavam o ex-presidente como líder; os “moderados”, que rejeitavam ações radicais; e os “radicais”, que defendiam o uso da força para impedir a transição de governo. Cid afirmou que Michelle e Eduardo faziam parte deste último grupo.
Em resposta às menções a seu nome, Michelle Bolsonaro ironizou a situação ao publicar uma figurinha de si mesma chorando e enchendo duas xícaras em uma rede social.
Andrei Rodrigues reforçou a solidez do relatório enviado ao STF. “O relatório apresentado é consistente, com respeito ao devido processo legal e às garantias fundamentais”, afirmou o diretor-geral.