Durante o cumprimento das ordens de busca e apreensão na Operação Venire, a Polícia Federal apreendeu US$ 35 mil – o equivalente a R$ 175 mil – e R$ 16 mil em espécie na casa do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente coronel Mauro Cid.
O aliado do ex-chefe do Executivo é um dos alvos principais da ofensiva aberta na manhã desta quarta-feira (3) para apurar suposta adulteração da carteira de vacinação contra a covid-19 do ex-chefe do Executivo e de sua filha Laura. Considerado peça-chave na investigação, Mauro Cid foi preso preventivamente e ficará detido numa unidade prisional militar.
Segundo a PF, os documentos alterados teriam servido para burla de restrições sanitárias impostas pelo Brasil e pelos Estados Unidos em meio à pandemia. Os investigadores apuram dados não só dos cartões de vacinação do ex-presidente, de sua filha Laura, mas também as informações dos documentos do coronel Mauro Cid, de sua mulher e de sua filha e ainda do deputado Guttemberg Reis de Oliveira. As supostas inserções de dados falsos sob teriam ocorrido entre novembro de 2021 e dezembro de 2022.
Bolsonaro também foi alvo da Venire – seu endereço em Brasília foi vasculhado por agentes da PF, que apreenderam seu celular. O ex-chefe do Executivo foi instado a depor à Polícia Federal, mas não compareceu a oitiva. Segundo o advogado Fábio Wajngarten, que atua como assessor de comunicação do ex-presidente, Bolsonaro só irá falar à PF depois de seus advogados terem acesso aos autos da investigação.
Ao deixar sua casa na manhã desta quarta-feira, o ex-presidente reforçou que nem ele, nem sua filha Laura foram vacinados contra a covid-19. Ele se disse “surpreso” com a ofensiva e alegou “não existe adulteração de sua parte” e “que nunca lhe foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum“.
Além de Cid, outros cinco investigados foram presos no bojo da ofensiva aberta nesta manhã:
– Max Guilherme, assessor do ex-presidente
– Sergio Cordeiro, assessor do ex-presidente
– João Carlos Brecha, secretário de Governo de Duque de Caxias (RJ)
– Luís Marcos dos Reis, sargento do Exército e ex-integrante da equipe de Mauro Cid
– Ailton Gonçalves Moraes Barros, advogado e ex-candidato a deputado estadual pelo Rio de Janeiro
A ofensiva se debruça sobre supostos crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores. Somadas, as penas previstas para tais delitos podem chegar a 21 anos de prisão. O crime com punição mais dura é o de inserção de dados falsos em sistemas de informação, que prevê de dois a doze anos de reclusão.