O Partido da Social Democracia Brasileira do Distrito Federal (PSDB-DF) tem enfrentado mais um episódio de turbulência interna, após um pequeno grupo de filiados ter pedido à executiva nacional uma intervenção no diretório distrital.
A crise teve início momentos depois da desfiliação do senador Izalci Lucas, que migrou para o Partido Liberal (PL), o mesmo do ex-presidente Jair Bolsonaro, o que abriu espaço para que seu filho, Sérgio Izalci, assumisse o comando regional após eleições internas. Após a publicação da reportagem, a legenda nacional se pronunciou (veja abaixo).
Com a saída de Izalci Lucas, que liderou o PSDB-DF por vários anos, a legenda passou a ser comandada pelo filho e atual presidente regional. No entanto, essa transição gerou reações adversas dentro do partido, levando a especulações sobre uma possível intervenção para que a sigla fosse entregue ao atual secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Avelar.
O objetivo seria garantir ao integrante do primeiro escalão do GDF a possibilidade de concorrer a algum cargo nas próximas eleições distritais. Não há, contudo, confirmação sobre esse movimento de forma oficial.
Umas das alegações do grupo insatisfeito seria pelo fato de que, nas últimas eleições, em 2022, o PSDB-DF não elegera nenhum deputado distrital nem federal. O resultado pífio também foi replicado em outras unidades da Federação (UFs).
Ao GPS|Brasília, Sérgio Izalci defendeu a legitimidade de sua gestão no ninho tucano local. Durante conversa com a coluna, o dirigente partidário afirmou que sua eleição, realizada no ano passado, seguiu rigorosamente o estatuto do partido e contou com a participação de mais de mil filiados.
“Meu pai é uma pessoa e eu sou outra. Fui eleito conforme as regras partidárias e não há nenhuma questão que possa me colocar nessa condição de instabilidade interna. Isso atrapalha, inclusive, as negociações para que novas lideranças venham para fortalecer o partido”, declarou.
A tensão aumentou quando a executiva nacional do PSDB notificou o diretório distrital após ter recebido o pedido de intervenção assinado por três filiados locais.
“O DF não participa de eleições municipais e meu mandato termina no ano que vem. Não tem nenhum motivo para uma intervenção agora, mesmo porque estamos de acordo com o estatuto tucano”, argumentou.
Vídeo com críticas
Como resposta pública, Sérgio Izalci divulgou um vídeo nas redes sociais, quando criticou a decisão da cúpula do partido de acolher o pedido de filiados isolados. Na publicação, o atual presidente reforçou o compromisso com a democracia interna do partido e repudiou qualquer tentativa de ação autoritária.
“Nós não aceitaremos qualquer tipo de gesto autoritário, antidemocrático, contra os nossos filiados do PSDB do Distrito Federal. Temos que respeitar as eleições que foram feitas seguindo o Estatuto, seguindo todos os ritos democráticos e previstos pelo PSDB nacional”, disse.
Em outro momento da gravação, Sérgio Izalci comparou qualquer possibilidade de intervenção com a situação da Venezuela, país que vive o impasse sobre a legitimidade da suposta reeleição de Nicolás Maduro.
“Nós temos que ir com o nosso mandato até o fim, que termina em 2025. Nós não temos no PSDB um Maduro, um Nicolás Maduro, um ditador, para resolver as coisas no partido com uma canetada. Nós temos que respeitar a democracia. Não adianta nada o PSDB fazer um discurso pra fora, defendendo a democracia, mas dentro da sua casa agir de forma autoritária e irresponsável com o Distrito Federal e os seus filiados”, continuou.
Por fim, o atual presidente também mandou uma indireta sobre a especulação de que Sandro Avelar teria o PSDB como destino político. “Quem quiser se filiar ao PSDB e quiser disputar as eleições que estão previstas para o ano que vem, podem vir, serão muito bem-vindos, mas teremos que respeitar a democracia, o voto democrático do filiado do PSDB”, finalizou.
Assista ao vídeo:
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O que diz o PSDB nacional?
Após a publicação da reportagem, o diretório nacional do PSDB encaminhou uma nota ao GPS|Brasília e acusou o senador Izalci Lucas de “infidelidade”. Leia a nota:
Na tarde desta quarta-feira, 21, após protocolar defesa à representação apresentada, o presidente do PSDB do Distrito Federal, Sérgio Izalci, manifestou no seu perfil em rede social para repudiar “toda atitude antidemocrática e autoritária”.
Causa estranheza a manifestação do presidente do PSDB-DF que, ao exercer seu direito constitucional e democrático do contraditório e ampla defesa, passou a proferir acusações de atos antidemocráticos e autoritários.
Diferentemente da ação infiel do senador Izalci que deixou o PSDB após ter sido eleito em 2018 com recursos do Fundo Eleitoral do PSDB e disputar o cargo de governador do Distrito Federal em 2022, também financiado com os recursos do PSDB, o Partido se mantém leal à democracia. Aliás, é de se registrar que o PSDB não é legenda de aluguel!
O PSDB é um partido que respeita a democracia e não aceita práticas de ingerência de ex-filiados em órgãos partidários, com o objetivo de manter o controle à distância por intermédio de funcionários, parentes ou amigos.
A democracia não se restringe simplesmente a ser eleito, mas se estende a como se é eleito e, ainda, a legitimidade, ética e moral no processo de escolha daqueles que foram eleitos.
O respeito à democracia está plasmado no estatuto do PSDB, que estabelece normas e regras para corrigir abusos e repelir a ingerência de agentes estranhos ao quadro partidário que tentem manipular seus órgãos de direção em detrimento do exercício democrático participativo dos seus filiados.
DIREÇÃO NACIONAL DO PSDB