Quando fundou Peça Rara em 2007, buscando ter uma segunda renda para ajudar no orçamento de casa, talvez a empresária Bruna Vasconi não imaginasse o quão longe iria o seu sonho. Hoje, ela administra uma franquia de brechós ambiciosa com mais de 100 lojas espalhadas pelo país, além de ser referência em second-hand e moda circular. A meta é chegar em 140 estabelecimentos ainda neste ano.
Os itens não vendidos tem destino certo: bazares sociais com preços simbólicos. O recurso arrecadado vai para as ações sociais do Instituto Eu Sou Peça Rara, braço social e de sustentabilidade da marca que, em quatro anos de existência, já arrecadou mais de R$ 700 mil. Para celebrar o fruto desse trabalho, a rede inaugurou neste mês de setembro sua primeira creche, em parceria com a Casa de Paternidade e os Trabalhadores do Cristo. O espaço fica no bairro administrativo social Santa Luzia, na Estrutural, com capacidade para beneficiar até 300 crianças.
Bruna Vasconi lembra que, no começo de tudo, quando não tinha dinheiro para investir, apostou no modelo de consignação, o qual funciona até hoje, tendo os clientes como os principais fornecedores.
Tudo o que chega no Peça Rara, de roupas a brinquedos e até objetos de decoração e móveis, passam por uma curadoria rígida. As mercadorias são etiquetadas e colocados à venda durante um período de três a seis meses. Caso não sejam vendidas, o fornecedor é contatado e decide se vai retirar as peças ou se doa para o Instituto Peça Rara. A grande maioria dos itens é doada. Com isso, o instituto promove bazares sociais com preços que variam de cinco a cinquenta reais. Toda a renda obtida vai para as ações sociais da instituição.
O sucesso foi crescendo e a família Vasconi não conseguia mais abrir novas lojas. Recorreu à ideia de franquear a marca após ser procurada pelo empresário José Carlos Semenzato, interessado em investir na Peça Rara. Uma outra parceria igualmente especial veio para abrilhantar o trabalho: trata-se de Deborah Secco, que se apaixonou pelo propósito de ressignificação da marca e também se tornou sócia.
A chegada da atriz, além de ampliar o alcance do Peça Rara, também abriu o olhar de muitos artistas sobre a importância de repetir looks, doar e dar espaço à moda second hand, que se tornou tendência que veio pra ficar. “Isso começou a fazer sentido pra mim, de fato, quando eu tive a Maria e vi a velocidade que a gente perdia armários inteiros de roupas. Eu fui muito abençoada, ganhei muitos presentes. Quando a Maria nasceu, eu tinha um armário de roupas que nem se eu vestisse sete ou oito looks nela por dia, daria pra usar tudo o que eu tinha”, disse a atriz.
Deborah completou: “Foi então que comecei a entender a importância de a gente ter um destino pra tudo… um mês depois eu reciclei um armário, dois meses depois, novamente. Tudo muito rápido. Comecei a estudar sobre isso, entendi melhor o mercado até que cheguei no Peça Rara”.
Bruna Vasconi ainda tem grandes sonhos: “Há 16 anos, eu só queria abrir uma loja pra ajudar no orçamento doméstico e criar meus filhos. Agora, somos um dos principais incentivadores da moda second hand no Brasil e da economia circular”, diz a empresária, que sonha em abrir uma creche para cada loja do Peça Rara existente.