Tido como um dos articuladores para a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de sancionar tarifas elevadas sobre produtos brasileiros, Paulo Figueiredo usou as redes sociais, nesta segunda-feira (11), para rebater declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB, foto em destaque), sobre a atuação do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no caso.
O filho número 02 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está em Washington, onde tem defendido que a Casa Branca determine reações norte-americanas contra a “perseguição”, segundo ele, ao pai, que é investigado e teve prisão domiciliar determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O ex-titular do Palácio do Planalto é acusado de liderar, conforme o processo judicial, uma tentativa de golpe de Estado contra o resultado das eleições de 2022, quando acabou derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atual comandante do Executivo.
Neto do ex-presidente João Figueiredo, o jornalista e aliado do clã bolsonarista publicou mensagem no X (antigo Twitter) para ironizar o posicionamento de Motta pelas críticas à atuação de Eduardo Bolsonaro.
“Querido @HugoMottaPB, ninguém aqui está interessado no que admite ou não como atuação de um parlamentar no Brasil ou nos EUA. Você não é dono do mandato de ninguém e não é mais deputado do que ninguém. Sugiro se preocupar em proteger a Casa dos abusos pelo STF que você admite.”
Motta havia atribuído ao filho do ex-presidente brasileiro parte da responsabilidade pela crise diplomática e comercial que envolve o Brasil e os Estados Unidos (leia abaixo).
Enquanto Jair Bolsonaro está preso de forma preventiva por ter descumprido, segundo o ministro Alexandre de Moraes, medidas cautelares determinadas pela Suprema Corte, Eduardo permanece nos EUA, onde tem defendido e declarado apoio às sanções comerciais de Trump contra o Brasil.
Veja a publicação:
Querido @HugoMottaPB, ninguém aqui está interessado no que admite ou não como atuação de um parlamentar no Brasil ou nos EUA. Você não é dono do mandato de ninguém e não é mais deputado do que ninguém. Sugiro se preocupar em proteger a Casa dos abusos pelo STF que você admite.
— Paulo Figueiredo (8) (@pfigueiredo08) August 12, 2025
Entenda
Em entrevista à revista Veja, Hugo Motta afirmou que “não pode ser admitido” que um parlamentar atue para que medidas externas causem danos à economia brasileira.
“Cada parlamentar tem a sua autonomia e a sua liberdade para agir com aquilo que entende ser importante para representar o seu eleitorado. Eu não posso concordar com a atitude de um parlamentar que está fora do País, trabalhando muitas vezes para que medidas cheguem ao seu País de origem e que tragam danos à economia do País”, declarou.
O presidente da Câmara reforçou o posicionamento ao dizer que a atitude de Eduardo Bolsonaro vai contra o interesse nacional.
“Isso não pode ser admitido. Da nossa parte, nós temos uma posição contrária a esse tipo de comportamento. Nós não concordamos com esse tipo de atitude, nós temos que defender o nosso País.”
Ainda segundo Motta, o parlamentar poderia defender causas políticas ou a inocência do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas jamais agir de forma a “atentar contra o País”.
“Ninguém pode concordar em ter o seu País sendo prejudicado pela atitude de um parlamentar. Isso não me parece ser correto e não me parece ser condizente com a postura de um deputado federal.”
Conselho de Ética avaliará caso
Sobre o andamento da ação contra Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, Motta assegurou que o colegiado agirá “dentro do regimento”, sem privilégios ou prejuízos por causa do comportamento do deputado.
“Com relação às questões inerentes ao seu mandato, nós iremos tratar o deputado Eduardo Bolsonaro como trataremos todo e qualquer parlamentar. Para esta presidência, não existe um parlamentar que é mais deputado do que outro. Não existe isso da nossa parte.”