Entre códigos, artigos e prazos de tribunal, Paula Saric parecia ter encontrado um caminho certo. Formada em Direito, com OAB em mãos e cinco anos de experiência em escritório, a jovem carioca dividia a rotina jurídica com o pai, figura que sempre admirou. Mas a mesma vida que lhe dava estabilidade também a afastava de algo que sempre esteve presente, o desejo de se expressar nas redes sociais.
“Eu nunca não gostei de direito. O problema não era esse. Eu gabaritei a minha prova da OAB; era algo que realmente gostava. Foi muito difícil fazer a transição. Eu gostava principalmente de trabalhar com o meu pai, que sempre foi uma figura de inspiração pra mim”, reflete. “Eu pensava até em fazer pós-graduação, concurso, ser juíza. Estava totalmente focada nisso”, revelou a influenciadora.
Ainda assim, Paula nunca se encaixou no perfil reservado que a advocacia costuma exigir. “Eu nunca fui uma pessoa low profile, sempre gostei de postar, achava mega divertido. Fazia looks, tirava fotos. O meu Instagram sempre foi aberto. Quando surgiu o TikTok, comecei a brincar, fazia até vídeo dançando, fazia uns reacts”, disse Saric.
O caminho, porém, foi interrompido por um relacionamento abusivo. “Ele podava minhas roupas, minhas fotos, dizia que TikTok era besteira. Eu acabei deixando tudo de lado e me dediquei 100% ao direito”, lembrou a carioca. Só após o fim dessa relação, ela retomou o que amava. “Um dia decidi: quinta-feira vou começar a contar minhas histórias no TikTok. Eu sabia que lá era um espaço fácil para se comunicar. Em paralelo, eu continuava com o meu Instagram normal, postando minhas fotos, minhas viagens, mas nada profissional”, explicou.
Nessa época, a influenciadora já tinha uns dez mil seguidores e, sem planejamento, os vídeos publicados começaram a viralizar. “Eu estava focada em concurso, ainda sonhava em ser juíza. Mas os posts começaram a ganhar força, as pessoas se identificaram. De repente, começaram a surgir propostas de trabalho. Eu não tinha agência, não tinha ninguém. Fui aprendendo sozinha”, relembra sobre o início da carreira no universo digital.
No início, Paula se dividia entre o escritório e as demandas digitais. “Às vezes eu saía mais cedo para gravar uma publicidade. Era impossível dar 100% para os dois lados. E aí chegou uma hora que eu ganhava mais na internet do que no direito”. A escolha foi inevitável. “Conversei com meus pais, e eles disseram para aproveitar essa onda e que o escritório sempre estaria lá, caso eu quisesse voltar em algum momento. Isso me deu segurança para tentar”, revelou ao falar sobre o momento decisivo de mudar de profissão.
O apoio familiar fez toda diferença. “Meu pai é a melhor pessoa que conheço no mundo. Trabalhar com ele foi maravilhoso, fácil, prazeroso. Por isso foi tão difícil abrir mão. Eu era a única herdeira do escritório. Mas ele sempre me apoiou”, lembra Paula.
A virada de carreira trouxe também um novo propósito. “No início, eu tinha preconceito com a ideia de ser influenciadora. Achava que era colocar roupa de stylist e posar como um robô. Hoje eu vejo que não. Eu quero que as pessoas gostem de mim pelo que eu sou, pelas histórias que eu conto”, revela a influenciadora, que justamente por ser uma pessoa autêntica, se diferencia no mercado.
Em seus conteúdos, Paula fala abertamente sobre relacionamentos abusivos, tema que atravessou sua trajetória pessoal. De forma divertida e singular, ela compartilha 12 anos de histórias vividas ao longo da vida, tendo como ponto de partida seu primeiro relacionamento.
“Recebo muito hate, mensagens horríveis. Mas o que me mantém é o retorno das meninas. Quando dizem que terminaram um relacionamento por minha causa, que estão mais felizes ou que conseguiram se reerguer, isso me dá forças. Não é sobre visualização, é sobre transformação”, comentou, emocionada.
A naturalidade e autenticidade da influenciadora também aparecem no estilo. “Eu amo moda, mas não quero ser conhecida só por isso. Gosto de maquiagem, de looks, mas de uma forma leve, pessoal. Tudo que eu posto vem da minha cabeça e da cabeça da minha mãe, não de uma equipe montando personagem”, disse.
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Paula Saric planeja empreender ao lado da mãe
O espírito colaborativo que marca a trajetória de Paula Saric nasceu dentro de casa. Se antes dividiu a advocacia com o pai, agora é ao lado da mãe que ela compartilha os desafios do mundo digital. “Ela começou a postar antes de mim, mas sem intenção profissional. Eu dizia: Mana, posta no TikTok que vai bombar. Ela respondia: Não, isso é para jovem. Hoje temos praticamente a mesma quantidade de seguidores. Ela é minha melhor amiga e trabalhar com ela é incrível”, conta Paula.
O incentivo persistente deu resultado e abriu caminho para um novo passo: em setembro, mãe e filha lançam um projeto conjunto, que promete traduzir em conteúdo a cumplicidade que já existe fora das câmeras. “Vai ser nossa cara. Não é sobre convidados, é sobre a gente e a comunidade que construímos. Não é exatamente um podcast, mas vai criar ainda mais conexão. Estou muito animada”, revela Saric.
Essa relação de proximidade é também uma marca da maneira como ela constrói sua presença digital. “Eu amo trabalhar com ela. Cada uma tem suas coisas, mas o que mais gostamos é quando conseguimos nos unir em um projeto. É leve e divertido, além de ser a nossa forma de estar perto. Ela é maravilhosa, perfeita”, afirmou, em tom de admiração.
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Enquanto planeja a estreia, Paula segue alimentando sua comunidade com autenticidade e constância. O público acompanha desde suas reflexões sobre relacionamentos até suas escolhas de moda e beleza. “O resultado dessa naturalidade é uma comunidade sólida, que me acompanha em tempo real. Isso me deixa muito feliz, porque não é só sobre números, é sobre conexão de verdade”, ressalta.