“Partidos com ministérios têm obrigação de votar com Planalto”, diz Vigilante

O presidente da CPI dos Atos Antidemocráticos, deputado Chico Vigilante (PT), garantiu que o Palácio do Planalto “nunca” tentou impedir na atuação das investigações na Câmara Legislativa (CLDF) sobre os atos extremistas do dia 8 de janeiro. 

 

Durante entrevista ao GPS, o parlamentar discutiu os desdobramentos da comissão e ressaltou a importância do colegiado após as invasões de prédios públicos e depredações registras um mês antes dos ataques, ainda em dezembro 2022. 

 

“É importante pontuar que muita gente fala sobre uma tentativa de golpe. Na verdade, aconteceu um golpe. Só que o golpe não se sustentou. Mas aconteceu o golpe que, na minha concepção, é a invasão dos poderes, tanto que eles invadiram o Palácio do Planalto, depredaram o prédio do Congresso Nacional, onde está a Câmara e o Senado, depredaram e invadiram a Corte Suprema brasileira, portanto deram um golpe. O que eles não tiveram foi força pra sustentar o golpe“, declarou.

 

Vigilante também mencionou que dois financiadores dos atos já depuseram na CPI, enfatizando a participação de integrantes da Polícia Militar e da reserva das Forças Armadas no golpe. Ele ressaltou a importância do depoimento do comandante militar do Planalto, um general de Três Estrelas, como uma demonstração da força e responsabilidade da CPI, bem como da disposição do Exército em ajudar na pacificação do Brasil.

 

“Nós estamos chegando nos financiadores. Dois deles já depuseram, porque não teria acampamento se não tivesse o financiamento. E eu não estou dizendo que a Polícia Militar (PMDF), enquanto instituição, participou do golpe, mas houve integrantes da corporação participando e, da mesma forma, integrantes da reserva das Forças Armadas lá“, adiantou ele.

 

Falha na CPMI

 

Aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o deputado distrital afirmou que não há nenhuma restrição por parte do Planalto sobre avançar nas investigações. Ele avaliou que a bancada governista no Congresso falhou ao não propor uma CPMI logo após os atos antidemocráticos, mas ressaltou que as acusações de envolvimento do governo nos atos antidemocráticos são infundadas e feitas por “terraplanistas“.

 

“Eles acreditam também a terra não é redonda, eles acreditam em terra plana, portanto eles acreditam também que um governo que tinha tomado posse há 8 dias queria dar um autogolpe“, ironizou. 

 

Vigilante também criticou a “tratorada” do Congresso na pauta sobre o congelamento do Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF), incluída no regime fiscal aprovado pelos parlamentares, mas disse ter “esperança” de reverter a situação no Senado. 

 

“Tem uma pessoa que pode jogar e está jogando num papel muito importante nisso, que é o ex-senador e ex-deputado Paulo Octávio. Ele, que é muito amigo do Rodrigo Pacheco [presidente do Senado], tanto que com a clareza que ele tem sobre tudo, ele poderá conversar com o Pacheco e, quem sabe, ajudar a convencê-lo para se somar conosco nessa luta“, apontou.

 

Compadre de Lula, Chico Vigilante não esconde o remorso de ter visto o PSOL, aliado antigo do atual presidente, ter votado contra a indigesta proposta do atual governo de limitar os gastos públicos nos próximos anos.

 

“Eu falo diretamente ao PSOL, partido que tem dois ministérios e que não vota com o governo. Quer dizer: só quer usufruir das coisas boas do governo. É fácil dizer que está defendendo o meio ambiente, porque é um negócio que dá popularidade. É fácil dizer que está defendendo os indígenas, porque também dá popularidade. É fácil dizer que está cuidando dos yanomami, porque dá popularidade. Mas de onde vem esse dinheiro? Se não tiver o dinheiro, não tem como cuidar disso. Portanto, todos os partidos que estão na base do governo e que têm ministérios têm a obrigação de votar com o governo“, indicou.