**Sem citar nominalmente o presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes mandou, nesta segunda-feira (2), recados claros ao dizer que a disputa eleitoral foi encerrada e, a quem perdeu, cabe “lamber as feridas e se preparar para uma próxima eleição”.**
**”A eleição se encerra. Cabe a quem ganhou, governar. E obviamente, quem governa precisa de ordem, de paz e não de conflituosidade. Quem eventualmente perdeu, com uma margem maior ou menor, recebe uma designação para fazer oposição. Também é uma missão constitucional”, disse o Gilmar durante a posse do novo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD).**
O ministro disse que é fundamental respeitar os dissensos e a liberdade de expressão, questões que não podem, segundo ele, colocar em xeque a democracia. “E acho que essa é uma grande missão”, reforçou. **Ele ainda disse ter acompanhado com “preocupação” casos vivenciados durante as eleições, como boicote de empresas e interdições de rodovias em Mato Grosso, que visavam influenciar os resultados das urnas.**
Em tom pacificador, Gilmar afirmou que, em um País dividido por “paixões”, é fundamental mostrar às pessoas que, apesar do resultado eleitoral, a vida continua e todos devem manter a união em defesa do Brasil, respeitando os limites da democracia. **”Avançamos progressos significativos dentro dos marcos democráticos”, disse, ao citar a Constituição Federal de 1988.**
Conhecido como um “ministro do Centrão”, com perfil mais político, Gilmar disse ainda que não se pode ter adversariedade política como elemento de inimizade absoluta. **”O adversário, e a gente está vendo isso na composição do ministério, o eventual adversário de ontem é o aliado potencial de hoje. A democracia se faz assim”**, afirmou, citando a composição ministerial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que abarca nomes que apoiaram, inclusive, o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
**Fome e questões sociais**
Neste mesmo discurso, Mendes destacou a defesa do combate à fome e na necessidade de o País estar atento às questões sociais. **”Não podemos ser maior o produtor de alimentos do mundo com milhões de pessoas passando fome”**, disse Gilmar, repetindo um dos recorrentes discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). **No domingo (1), no segundo pronunciamento da posse, realizado no Palácio do Planalto, o chefe do Executivo fez uma extensa fala focada na necessidade de tirar, mais uma vez, o País do mapa da fome.**
O ministro afirmou ainda que o Brasil terá enormes desafios pela frente e defendeu a conciliação entre responsabilidade social e fiscal. **Em referência à atuação dos ministérios no novo governo, ele disse acreditar na integração entre as pastas. “Agricultura exige”, pontuou.**