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Para assistir no fim de semana: Nada de Novo no Front

O barro seco e craquelado molda nas faces uma máscara que **anula suas identidades** e os torna todos iguais. Os rostos desses soldados, cobertos de lama e medo, escondem **frágeis meninos, aterrorizados** e entorpecidos pela brutalidade de uma **guerra**.

O que se vê são **jovens**, alguns deles de apenas 17 anos, **cansados, famintos e sujos** que ali representam apenas números. Ao final de cada combate, uma placa de metal comum (que serve para identificar o soldado) é coletada da farda daquele que morre para dar baixa. E é só. Mas essa regra torna-se rotina.

Enquanto isso, **generais** vestidos com fardas impecavelmente engomadas, cheias de medalhas, **arquitetam estratégias** para seus próximos ataques, cercados por oficiais de patente inferior que os cortejam na segurança de seus gabinetes. **Nada de Novo no Front** vem com uma mensagem pungente contra a insanidade que permeia os campos de batalha.

Em certo momento uma cena fala pelo filme inteiro e se destaca por sua beleza e sensibilidade: um jovem soldado, de repente, se vê cara a cara com o inimigo, num pedaço estreito da curva de uma trincheira. **Não dá pra fugir, é matar ou morrer**. No meio do tiroteio intenso e explosões de bombas e granadas, de modo surpreendente, os dois soldados se detêm imóveis, apenas se encaram com firmeza. **O instante nos soa infinito**. Mas, ao nos aproximarmos câmera adentro até chegar ao close de suas expressões de choque e pavor, observa-se em seus olhos, que eles conversam em silêncio e ambos se perguntam: – _“O que estamos fazendo aqui? Porque temos que nos matar?”_.

Infelizmente não pude deixar de me remeter ao recente conflito **Rússia x Ucrânia**, do qual assisti vídeos da internet que mostram o desespero de jovens soldados russos capturados, chorando e pedindo por seus pais.

Nada de Novo no Front é baseado no livro homônimo de **Erich Maria Remarque**, de 1929, e já foi adaptado para o cinema outras duas vezes. A versão de 1930, _Sem Novidade no Front_, de Lewis Milestone, ganhou os **Oscars** de **Melhor Filme** e **Melhor Direção** daquele ano. Fazendo essa análise não pude deixar de lembrar de uma crítica que escrevi em 2020, do filme “1917”, vencedor do Oscar daquele ano.

Eu começava o texto falando da experiência única que foi ter assistido esse filme em uma sala de cinema. O mesmo não posso dizer de _Nada de Novo no Front_, que estreou direto na _Netflix_, sem passar pela tela grande, o que é uma lástima. Os dois filmes têm enfoques e tratamentos distintos, porém convergem quando acentuam o desperdício das juventudes aniquiladas nas guerras. Tudo em nome da soberania e da paz (para alguns poucos), e da ilusão de luta pela liberdade dos povos, que somente os grandes interesses sabem bem defender.

Concluo esse artigo com as mesmas palavras com que fechei a crítica de quase três anos atrás: _”E assim, de mãos dadas com eles (os jovens soldados), também nos sentimos impotentes diante daquele cenário de guerra, onde não somos nem amigos, nem inimigos: somos todos vítimas”_.

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