Para a geração Z, o passado está na moda. Desde 2020, vemos o crescimento de trends baseadas na nostalgia entre o público mais jovem – isso está associado à necessidade de escapismo provocada principalmente pela pandemia. E o que seria a nostalgia? De acordo com a Oxford Languages, “saudades de algo, de um estado, de uma forma de existência que se deixou de ter; desejo de voltar ao passado.”
Recentemente, presenciamos o ressurgimento da estética vintage: câmeras digitais famosas nos anos 2000, maquiagens dos anos 90, além de penteados, calçados, óculos de sol e filtros que remetem à década de 60. Estamos vivendo em uma geração que sente saudade de um tempo que não viveram – sentimento chamado de anemoia, pelo neologista John Koeing em sua obra “The Dictionary of Obscure Sorrows“.
Na prática, podemos citar alguns exemplos de que o passado está na moda: na música, vemos artistas como Taylor Swift com a The Eras Tour, mesclando hits antigos e novos durante o show. Sabrina Carpenter recentemente iniciou a turnê Short n’ Sweet, com estética sessentista – dos cenários, aos looks, à beleza. Os discos de vinil agora fazem sucesso entre a gen Z, assim como músicas do início dos anos 2000 (Maps, da banda Yeah Yeah Yeahs (2003), é uma das trends dominantes do Tik Tok nos últimos dias). Séries como Sex And The City (1998) e comédias româticas dos anos 2000, por exemplo, Como Perder Um Homem em Dez Dias (2003), estão entre as mais comentadas da rede social de vídeos curtos.
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Na moda, já estamos acostumados a ver tendências indo e vindo, de tempos em tempos. Apenas em 2024, presenciamos a volta da estética boho, das meias-calças coloridas, das calças skinny e capri, dos tamancos, dos lenços, das saias de cetim e balonê.
De acordo com um levantamento realizado em 2023 pela empresa de pesquisa de mercado GWI, “a geração Z é a mais nostálgica, com 15% sentindo que preferem pensar no passado em vez do futuro. A geração millenial não está muito atrás, com 14%, e a preferência continua diminuindo com a idade. A gen Z e os millenials também estão gerando nostalgia na mídia. A gen Z está na liderança novamente, com 50% desta geração sentindo nostalgia por tipos de mídia, seguida por 47% dos millennials.“
Parte dessa obsessão vem da saturação da era digital. Crescendo em um mundo onde tudo está disponível rapidamente, a gen Z parece buscar um escape no passado, idealizando épocas em que as relações e experiências pareciam mais tangíveis e menos filtradas pelas telas. Ao consumir produtos nostálgicos, seja no estilo, na estética, seja nas mídias, essa geração encontra uma pausa da constante hiperconexão e do imediatismo que domina o mundo atual.
Além disso, a nostalgia oferece um conforto emocional em tempos de incertezas globais. A geração Z passou a maior parte da vida em meio a crises econômicas, instabilidade política e, mais recentemente, a uma pandemia que transformou suas experiências sociais. Assim, resgatar o passado – mesmo que apenas pela estética ou por meio de tendências culturais – traz uma sensação de segurança e constância. Em vez de viver apenas o presente incerto, a geração Z se apoia em símbolos e valores de um passado idealizado para encontrar uma identidade mais estável e explorar novas formas de expressão pessoal.
Não podemos negar que sim, há muitas coisas boas do passado que devemos trazer para os tempos atuais. Mas também, não podemos esquecer de abrirmos os nosso olhos para o novo.
Está na hora da gen Z parar de ser obcecada com o passado, e começar a viver o presente?