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Papa sugere negociação pelo fim da guerra. Ucrânia rebate

Em nota, sede diplomática ucraniana responde: "Ninguém pedia para negociar com Hitler"
Papa Francisco | Foto: Angelo Carconi/ Agência ANSA
Papa Francisco | Foto: Angelo Carconi/ Agência ANSA

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Em entrevista concedida para uma emissora de televisão da Suiça, o papa Francisco afirmou que a Ucrânia deveria ter coragem para negociar o fim do conflito com a Rússia. O Papa defendeu o uso da “bandeira branca”, o que seria uma negociação pelo encerramento definitivo da guerra. As falas da autoridade católica não pegaram bem e a Ucrânia rebateu dizendo que seria o mesmo que negociar com Hitler. A entrevista será exibida no dia 20 de março.

A guerra entre Ucrânia e Rússia completou dois anos no mês passado. Na entrevista, o papa questionou quantas mortes a mais o conflito deve provocar se não houver uma negociação. Francisco também afirmou que a Ucrânia deveria buscar ajuda das potências internacionais.

De acordo com a agência italiana Ansa, o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, disse que o termo bandeira branca foi usado pelo entrevistador e citado pelo papa Francisco como uma forma de indicar que uma trégua pode ser alcançada se houver coragem para negociação.

“Negociar não é render-se”, afirmou o Papa na entrevista.

 

Repercussão negativa

Em publicação nas redes sociais, a sede diplomática ucraniana disse que é preciso aprender as “lições da Segunda Guerra”. “Na época, alguém falou seriamente em negociações de paz com Hitler e de bandeira branca para satisfazê-lo?”, questionou a embaixada. A mensagem acrescentou ainda que, “se quisermos acabar a guerra, precisamos fazer de tudo para matar o Dragão

Já o presidente da Associação Cristã dos Ucranianos na Itália, Oles Horodetskyy, afirmou que as palavras do papa são “chocantes, embaraçosas e profundamente ofensivas contra um povo que há mais de dois anos tenta sobreviver à terrível agressão russa”.

Nos últimos meses, a contraofensiva ucraniana no conflito com a Rússia parece estagnada. O país se vê sem novas armas e novos soldados. O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, tem tentado controlar as mensagens públicas sobre o estado da guerra

No início deste mês, ele anunciou publicamente, pela primeira vez, um número de mortos para as tropas ucranianas: 31 mil.

 

*Com informações da Agência Ansa Brasil